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Lava-Jato mira corrupção e pagamento de propina em contratos do Metrô do RJ

A Operação Lava-Jato cumpre mandados de prisão contra um diretor da Rio Trilhos e o ex-subsecretário de Transporte do Rio no governo de Sérgio Cabral

Mandados de prisão são cumpridos nesta manhã em um desdobramento da Lava-Jato no Rio de Janeiro. Ao menos duas pessoas são alvo da Operação Tolypeutes: Heitor Lopes de Sousa Junior, diretor da Companhia de Transportes sobre Trilhos do Estado do Rio de Janeiro (Rio Trilhos) e o ex-subsecretário de Transporte do Rio no governo de Sérgio Cabral Luiz e atual subsecretário de Turismo, segundo o site do Governo do Rio, Carlos Velloso. A investigação mira corrupção, pagamento de propina e lavagem de dinheiro em contratos de obras civis no estado do Rio de Janeiro, em especial na construção da Linha 4 do Metrô.

[SAIBAMAIS]A Tolypeutes é realizada em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal. Ao todo, são 2 mandados de prisão preventiva, 13 mandados de busca e apreensão e 3 mandados de condução coercitiva, expedidos pela 7; Vara Federal Criminal (RJ), na capital fluminense e no município de Sapucaia (RJ).

Carlos Velloso e Heitor Lopes são apontados como integrantes do grupo criminoso. Segundo a investigação, iniciada há 4 meses, eles procuravam as empreiteiras interessadas em assumir obras de infraestrutura no estado, cobrando vantagens indevidas com o objetivo de garantir a contratação para os serviços. "A propina era paga, principalmente, de forma dissimulada a partir de aditivos que aumentavam os valores devidos, bem como alteravam o escopo técnico das obras", diz a PF.

Os presos serão indiciados por corrupção e lavagem de dinheiro. Após os procedimentos de praxe, eles serão encaminhados ao sistema prisional do estado. O nome da Operação é uma referência ao ;Tatuzão;, equipamento utilizado nas escavações das obras do metrô.

Proximus

Em março do ano passado, documentos obtidos na Operação Lava-Jato indicavam que o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), teria recebido propinas da Odebrecht relacionadas à obra da Linha 4 do metrô da capital fluminense. Nas planilhas apreendidas pela PF, Cabral seria o beneficiário de cinco pagamentos de R$ 500 mil, que somam R$ 2,5 milhões, computados na "contabilidade paralela" da Odebrecht revelada na 26; fase da Lava Jato.

As entregas, entre setembro e novembro de 2014, quando Cabral não concorreu a cargos públicos, deveriam ser feitas a uma pessoa chamada Olívia Vieira, na Barra da Tijuca. Nos documentos, estão citadas remessas de dinheiro feitas em 2014 para um escritório na Barra da Tijuca, todas vinculadas à "Metro Linha 4-Oeste". As remessas têm como destinatário alguém identificado com o codinome "Proximus", que, segundo a investigação, seria Cabral.
Cabral foi preso em 17 de novembro do ano passado na Operação Calicute, braço da Lava-Jato no Rio. Na ocasião, o peemedebista foi alvo de dois mandados de prisão, um da 13; Vara Federal de Curitiba e outro da 7; Vara Federal do Rio. Desde a prisão, ele foi alvo de seis denúncias: cinco do Ministério Público do Rio e uma da Procuradoria da República, no Paraná.