Em meio à expectativa de que o procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, apresente nesta semana a lista com pedidos de providências a serem tomadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito Lava-Jato, o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, prolongou o período que ficará afastado do cargo.
Submetido a uma operação para retirar a próstata, o ministro apresentou ontem um pedido médico para estender a licença médica até a próxima segunda-feira. O ministro está internado em um hospital em Porto Alegre. Enquanto isso, paira sobre o Palácio do Planalto uma nuvem de apreensão sobre os pedidos a serem feitos por Janot e os depoimentos prestados por executivos da Odebrecht.
[SAIBAMAIS]Apesar do receio de instabilidade política, a ordem é não deixar o governo parar e focar na agenda econômica. Por isso, avaliam que, mesmo que o procurador-Geral peça ao Supremo Tribunal Federal (STF) a abertura de inquérito para investigar as citações a Padilha e ao ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, os titulares das pastas devem continuar no governo. No último mês, o presidente Michel Temer afirmou que só demitirá ministros caso eles se tornem réus, ou seja, se tiverem denúncias aceitas pelo STF. Quem for indiciado, pode ser apenas afastado. Temer apresentou a proposta como uma tentativa de dizer que o governo não quer blindar ninguém.
Além da expectativa da nova ;lista de Janot;, o governo teme também pelos depoimentos que estão sendo prestados por executivos da Odebrecht no âmbito da ação que pede a cassação da chapa Dilma-Temer no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Por ora, o governo aposta as fichas na Reforma da Previdência. O Planalto quer aprovar a proposta antes do meio do ano. A reforma é fundamental para fazer funcionar outra medida importante encampada pelo governo, a proposta que estabeleceu um teto aos gastos públicos atrelado à inflação dos 12 meses anteriores durante 20 anos.
O Planalto concentra forças na reforma da Previdência e só depois articulará a reforma tributária. Ontem, um jantar no Palácio da Alvorada reuniu 25 parlamentares e integrantes do governo para articular uma forma de aprovar a proposta, que tem enfrentado resistência da própria base. Inicialmente, segundo interlocutores do Palácio, não é possível ceder em nenhum dos pontos reivindicados por parlamentares, como a mudança da idade mínima.