Jornal Correio Braziliense

Politica

Bonifácio Andrada é cotado para assumir Ministério da Justiça

Vice-procurador geral da República, muito ligado ao PSDB, entra na briga de vez após as seguidas desistências de Velloso e Mariz Filho


Após o ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Velloso recusar o convite para assumir o Ministério da Justiça, a disputa para comandar uma das pastas mais importantes da Esplanada voltou a tomar conta dos bastidores do meio político. Nomes que estavam fortes na corrida pelo cargo, como o advogado criminalista Antônio Cláudio Mariz e o deputado Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), estão praticamente descartados: o Palácio do Planalto teme que nomeação de qualquer um deles cause desgaste devido ao histórico de críticas à Operação Lava-Jato. Com isso, o vice-procurador-geral da República José Bonifácio de Andrada, que tem perfil técnico e bom trânsito entre os políticos, ganhou força.

A bancada do PMDB na Câmara dos Deputados reclama da falta de espaço no governo e sonhava em emplacar o novo ministro, mas não deve ter sucesso na empreitada. O deputado e advogado Osmar Serraglio (PMDB-PR) chegou a ser cogitado, mas não tem apoio de todos os colegas. Pacheco, que contava com simpatia da bancada, enfraqueceu-se após vir à tona várias críticas dele ao Ministério Público.

Problema

Sem um nome de consenso na Câmara e com a desistência de Velloso, o caminho está livre para Bonifácio, avaliam integrantes do governo. Caso ele seja indicado, contudo, Temer continuará com um problema dentro da própria cozinha. Isso porque a ligação do vice-procurador-geral com PSDB deve mexer com o brio dos deputados peemedebistas. Procurador da República desde 1984, ele entrou no Ministério Público (MP) antes da Constituição de 1988 e, por isso, sempre pôde manter carreira profissional paralela ao MP.

Veja mais notícias em Política


Bonifácio participou de governos tucanos por muito tempo. Esteve em cargos importantes nos oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso: foi consultor jurídico do Ministério da Previdência Social, subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, secretário-executivo do Ministério da Justiça, subsecretário-geral da Secretaria-Geral e Advogado-Geral da União. Com o fim da era PSDB no governo federal, respondeu pela Advocacia Geral do Estado em Minas Gerais nos dois mandatos do ex-governador Aécio Neves (PSDB).

Além disso, é de uma família tradicional. O pai foi deputado federal e a família é descendente direta do estadista José Bonifácio de Andrada. Apesar do histórico político, o Palácio do Planalto acredita que o fato dele trabalhar diretamente com o Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, protagonista nas investigações da Operação Lava Jato, pode pegar bem. Outro nome que surgiu nas conversas sobre a indicação para o cargo é o do ex-presidente do Supremo Tribunal de Justiça César Asfor Rocha.

Outra discussão é em relação ao Secretário Nacional de Segurança Pública. Para o cargo, Temer desejava indicar José Mariano Beltrame, ex-secretário de Segurança do Rio de Janeiro, mas não deve ter sucesso. Tudo isso, porém, só irá se resolver depois de terça-feira, quando a Comissão de Constituição e Justiça do Senado Federal vai sabatinar o ministro da Justiça licenciado, Alexandre de Moraes, indicado para substituir Teori Zavascki, morto em um acidente de avião em janeiro, no STF. A sabatina em plenário deve acontecer na quarta-feira.

Temer e família vão para o Alvorada


Cinco meses após o impeachment, o presidente Michel Temer se mudou para o Palácio do Alvorada com a mulher, Marcela, e o filho Michelzinho, neste fim de semana. Fora da presidência após a votação na Câmara dos Deputados, a ex-presidente Dilma Rousseff (PT) ficou no Palácio até setembro, quando foi afastada definitivamente do poder pelo Senado Federal. Temer ainda morava no Jaburu, residência oficial do vice-presidente, porque o Alvorada estava em reforma. Agora, além de servir de moradia do chefe do Executivo, o Palácio também foi reaberto para visitas para o público em geral todas as quartas-feiras.