Jornal Correio Braziliense

Politica

Deputados da comissão da reforma da Previdência se revoltam contra Padilha

Os parlamentares não gostaram da atitude do ministro de sair da audiência pública antes de ouvir seus comentários

Os deputados da comissão especial que discute a reforma da Previdência na Câmara dos Deputados se revoltaram com a saída do ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, da audiência pública antes de ouvir os comentários dos parlamentares sobre a fala dele. O ministro foi o primeiro convidado a discursar, por volta das 15h. Dos 40 minutos a que tinha direito, ele usou pouco mais de 20, tempo que investiu em defender a reforma e argumentar sobre o deficit da Previdência.
Na curta fala, Padilha defendeu pontos críticos, como a idade mínima de 65 anos para aposentadoria. "O que estamos querendo é reformar para preservar o sistema. Estamos caminhando em uma velocidade que, se não tiver algum processo de contenção, nós vamos rapidamente consumir todo o nosso orçamento apenas com o custeio da Previdência e os custos fixos". A reforma, segundo o ministro, é necessária "para que não venhamos a estrangular os demais gastos públicos".
Logo que terminou o discurso, Padilha foi embora da Câmara. Não teve tempo sequer de ouvir os comentários dos parlamentares que se inscreveram para falar, como o deputado Alessandro Molon (Rede-RJ), que não poupou críticas à atitude do ministro. "Lamento profundamente. Ele veio aqui, apresentou um PowerPoint e saiu correndo, sem responder nenhuma pergunta. Não sei se isso é falta de respeito ou covardia, por ter se aposentado aos 53 anos de idade. Se ele considera imoral se aposentar na idade que se aposentou, deveria devolver o dinheiro aos cofres públicos", alfinetou Molon.
"Não só se aposentou aos 53, como com R$ 20 mil", lembrou o deputado Pepe Vargas (PT-RS). "Agora quer impor que o agricultor familiar se aposente com 65", criticou. A deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) concordou com os colegas. "Se era para sair correndo, que não viesse. Seria melhor", disse.