O líder do governo no Congresso, senador Romero Jucá (PMDB-RR), confirmou nesta quarta-feira, 8, que o governo estuda a criação de um cargo de líder da maioria na Câmara, além do cargo de líder do governo. Segundo ele, o tema foi um dos assuntos tratados por ele hoje em conversa com o presidente Michel Temer. "No Senado tem o líder da maioria, da minoria e do governo. Líder do governo fala pelo governo, o líder da maioria não é líder do governo, é líder do maior partido. São papéis complementares", afirmou. "A maioria apoia o governo, mas pode ter tratativas diferentes", completou.
Segundo Jucá, o assunto está sendo estudado e vai ser decidido pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que também esteve hoje com Temer. "A criação é uma decisão interna da Câmara dos deputados", afirmou.
Nas conversas que tem tido com parlamentares nos últimos dias, o presidente Michel Temer afirmou que estuda a possibilidade de criar um novo cargo de poder na Câmara para afagar os descontentes do PMDB e também manter no posto da liderança do governo o deputado André Moura (PSC-SE). A ideia é que seja criado o cargo de líder da maioria, que possivelmente ficaria com algum peemedebista.
Moura, que foi alvo de críticas no Planalto por sua atuação considerada fraca na liderança, é um antigo aliado do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, que ontem deu um longo depoimento ao juiz Sérgio Moro e afirmou que Temer participou, em 2007, de uma reunião com a bancada do PMDB para discutir as indicações do partido para diretorias da Petrobrás.
O deputado cassado contrariou a versão apresentada por Temer em sua manifestação como testemunha de defesa arrolada pelo próprio Cunha. Temer nega e, em nota, "reafirma que não participou de reunião no Palácio do Planalto sobre indicação do PMDB para cargo na Petrobras".
Temer teve encontros hoje - fora da agenda - com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, com o senador Romero Jucá, que é líder do governo no Congresso, e também com o senador Aécio Neves. O senador mineiro, que é presidente do PSDB, também teve reuniões hoje no Planalto com o ministro da Secretaria de Governo, o tucano Antonio Imbassahy. O ministro também recebeu Moura em seu gabinete.
Segundo auxiliares do presidente, a possível nova configuração na Câmara não está completamente fechada. Outra peça desse xadrez para acalmar o PMDB é a escolha do ministro da Justiça, cargo que ficou vago com a indicação de Alexandre de Moraes para o Supremo Tribunal Federal.