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Sem acordo, PMDB deixa para hoje indicação de nome para sabatinar Moraes

A disputa interna expõe mais uma turbulência no partido, que enfrenta problemas na bancada da Câmara e anda melindrado com o governo federal por causa do espaço dado ao PSDB no primeiro escalão

Apesar do apelo feito pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), logo no início dos trabalhos, ontem, o PMDB não entrou em acordo e deixou para hoje, às 14h, a indicação do nome que presidirá os trabalhos na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), o que pode atrasar a sabatina de Alexandre de Moraes, prevista para o dia 22, escolhido pelo presidente Michel Temer para o Supremo Tribunal Federal (STF). Além de referendar o nome do próximo magistrado, decisões importantes passarão pelo colegiado este ano, como o projeto que altera a lei de abuso de autoridade, criticado por procuradores da Operação Lava-Jato. A disputa interna expõe mais uma turbulência no partido, que enfrenta problemas na bancada da Câmara e anda melindrado com o governo federal por causa do espaço dado ao PSDB no primeiro escalão.

[SAIBAMAIS]Aliado do líder da legenda, Renan Calheiros (AL), e do ex-presidente José Sarney, o favorito é Edison Lobão (MA). Raimundo Lira (PB) está na briga ; Marta Suplicy deixou ontem a disputa para ficar com a presidência da Comissão de Assuntos Sociais (CAS). Com a experiência de quatro mandatos, Lobão conta com o apoio da maioria da bancada, caso a definição seja feita por meio de votos, a última opção, segundo Renan. ;Essa opção deixa indiscutivelmente sequelas na bancada. E isso não é bom. O melhor é construirmos um consenso para que os nomes sejam indicados com o apoio de todos;, comentou o líder, que passou o dia em reuniões com os candidatos à vaga para tentar construir um consenso, apesar de, nos bastidores, apoiar o nome de Lobão. ;Estamos buscando a pacificação, a negociação e, se não der certo, que vá o nome aprovado pela maioria da bancada. Eu, como um dos ;decanos; do Senado, acho que tenho o direito de reivindicar o espaço. Nunca pedi nada;, comentou Lobão.

Ex-presidente da comissão especial que conduziu o impeachment de Dilma Rousseff, Raimundo Lira defende que, se a questão precisar ir a votos, que sejam de integrantes do colegiado e não da bancada. ;Votar no partido mostra uma ruptura que não é boa para ninguém. Vamos deixar a comissão decidir;, comentou. O senador contou que, desde outubro do ano passado, trabalhava para ser líder do partido, já que o ex-presidente Renan Calheiros pensava em assumir a CCJ. Como Renan escolheu a liderança, Lira entende que deveria ficar, então, com a presidência do colegiado, que, além da sabatina de Alexandre de Moraes, avaliará as reformas propostas pelo governo e participará da escolha do novo procurador-geral da República.
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