O excesso de confiança do presidente Michel Temer com as vitórias expressivas nas eleições das presidências da Câmara dos Deputados e do Senado Federal está transformando seu governo em vidraça, das mais sensíveis, ao blindar Moreira Franco como ministro da recém-criada Secretaria-Geral da Presidência. Um dos braços direitos de Temer, Moreira Franco é citado mais de 30 vezes nas delações da Operação Lava-Jato.
Agora, Temer poderá sentir um pouco do amargor da crise política vivida por Dilma Rousseff, durante o processo de impeachment. Os advogados do Partido dos Trabalhadores estão preparando uma ação para entrar na Justiça para suspender a nomeação de Moreira Franco. A legenda usará como base da ação os argumentos usados para invalidar a posse do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como ministro-chefe da Casa Civil para que ele fosse também não caísse nas garras do juiz Sergio Moro, no Paraná, e fosse julgado pela instância superior, do Supremo Tribunal Federal (STF).
;Se o STF barrou o Lula como ministro, que dirá agora criar um ministério para proteger um funcionário do governo;, disse ao Correio o líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP). Segundo ele, a ação poderá ser ajuizada ainda hoje, no mais tardar, na segunda-feira (06/02). O deputado também criticou as medidas de Temer em ampliar o número de ministérios de 26 para 28. ;Temer está usando a máquina e ampliando despesas para proteger um funcionário;, criticou. Na manhã desta sexta-feira (3/03), foram empossados três novos ministros, incluindo Moreira Franco.
Além do PT, Zarattini lembrou que o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) também está movendo uma ação popular com a intenção de anular a posse e a nomeação de Moreira Franco. ;É possível que ocorra outras ações individuais de vários partidos;, avisou.
Constrangimento
A blindagem de Moreira Franco justamente quando outros ministros citados na Lava-Jato já saíram do governo, como Romero Jucá (Planejamento), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Henrique Eduardo Alves (ex-Turismo), está causando constrangimento entre integrantes do governo e também parlamentares da base aliada. O líder do Democratas no Senado, Ronaldo Caiado (GO), considerou um ;erro grave; essa nomeação e pretende trabalhar contra a Medida Provisória que garantiu o status de ministro ao ex-secretário do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI). ;É condenável esse tipo de prática. Se fosse deslocado para um ministério, não haveria problema. Mas, se criar um ministério, é de uma infelicidade ímpar. Fica com cara de esperteza. Vou atuar contra a aprovação dessa Medida Provisória. Temer errou feio;, disse Caiado, em nota.