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Politica

Reeleição de Rodrigo Maia para presidencia da Câmara dá segurança a Temer

Logo depois do anúncio da reeleição do aliado para a presidência da Câmara, Planalto já sonha com a aprovação da reforma da Previdência ainda neste primeiro semestre. Aliados no Congresso, porém, pedem cautela e habilidade nas próximas votações

;Se não aprovarmos logo a reforma, em 2025 o orçamento do governo só terá pagamento de pessoal, de aposentados da Previdência e recursos obrigatórios para a Saúde e Educação. O custo da reforma já está precificado e os investidores esperam essa aprovação para voltar a acreditar no Brasil;, completou Padilha.

Rodrigo repetiu o que o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), dissera na véspera: as reformas encaminhadas pelo governo ao Congresso terão total prioridade na pauta de votações. ;Vamos ficar conhecidos como uma Câmara reformista, que encara os problemas e vai fazer reformas estruturantes necessárias para o Estado brasileiro;, disse Maia. Ele já escolheu o deputado Arthur Lira (PP-AL) como relator da reforma e o deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) para presidente da comissão especial.

O Planalto aposta no estilo conciliador e na formação de Maia para a tarefa. Parlamentar próximo do mercado financeiro, o demista tem origem liberal. Mas, ao mesmo tempo, soube, nos seis meses em que presidiu interinamente a Câmara, após a cassação de Eduardo Cunha (PMDB-RJ), dialogar com setores da oposição e da minoria. Tanto que repetiu o apoio recebido do PCdoB e abocanhou parte dos votos do petista.

;Apesar de ser oposição, devo admitir que Maia fez um bom primeiro mandato. Foi uma vitória do governo Michel Temer;, admitiu o deputado Sílvio Costa (PTdoB-PE). Para o deputado Danilo Forte (PSB-CE), o governo larga com folga no debate para a aprovação das reformas, mas precisa ter habilidade para obter as vitórias. ;O PMDB saiu fragilizado com a derrota do favorito do Planalto para a primeira vice-presidência, Lúcio Vieira Lima. E também precisará afagar a turma ligada a Jovair Arantes (PTB-GO), que pode se sentir desprestigiada pelo Planalto;, completou Forte.

O líder da Rede Sustentabilidade na Casa, Alessandro Molon (RJ), admite que será um ano de resistência e luta. ;Precisaremos debater e nos esforçar muito para evitar perdas de direitos previdenciários, trabalhistas e sociais;, disse ele. Para alguns analistas políticos experientes, o Planalto terá de ter habilidade para negociar o texto e, dificilmente, a proposta original será aprovada na íntegra pelos deputados.

Para o analista de risco político da XP Investimentos, Richard Back, o resultado das eleições nas duas Mesas Diretoras do Congresso não poderia ser melhor para o governo, especialmente na sinalização política para o mercado. ;Agora, cabe ao Planalto montar uma tenda permanente de negociações, misturando articuladores políticos e a equipe econômica, para aprovar as reformas no Congresso.;

;Precisaremos debater e nos esforçar muito para evitar perdas de direitos previdenciários, trabalhistas e sociais;
Alessandro Molon, líder da Rede Sustentabilidade

;Se não aprovarmos logo a reforma, em 2025 o orçamento do governo só terá pagamento de pessoal e de aposentados;
Eliseu Padilha, ministro-chefe da Casa Civil

;Apesar de ser oposição, devo admitir que Maia fez um bom primeiro mandato. Foi uma vitória do governo Michel Temer;
Sílvio Costa, deputado do PTdoB pernambucano