Acusado de corrupção, Eike estava foragido desde quinta-feira, quando a PF bateu à sua porta para detê-lo, como um dos alvos da Operação Eficiência, mais um braço da Lava-Jato para investigar organização criminosa comandada pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral (PMDB). O político está preso desde novembro.
A ordem de prisão do empresário foi dada pelo juiz da 7a Vara Federal do Rio de Janeiro, Marcelo Costa Bretas, a pedido da força-tarefa da Lava-Jato no Ministério Público Federal do estado.
O Ary Franco é um presídio destinado a criminosos comuns e sem curso superior. Eike não concluiu a faculdade. Porém, a assessoria da Secretaria de Administração Penitenciária do Rio Janeiro disse ao Correio no domingo que, caso seja analisada alguma situação de risco para o empresário, é permitido removê-lo para uma ;unidade de seguro;. Algumas dessas unidades estão no Complexo Penitenciário de Gericinó, no bairro de Bangu, na Zona Oeste.
Eike viajou na noite de terça-feira com a mulher para Nova Iorque (EUA), menos de dois dias antes da ação da PF usando seu passaporte alemão. Ele se entregou depois de uma negociação entre seu advogado e os investigadores. O empresário embarcou na noite de domingo nos Estados Unidos com destino ao Rio, onde chegou por volta das 10h da manhã de hoje.
Mina de ouro
Segundo a polícia, em apenas um esquema de corrupção, Eike remeteu US$ 16,5 milhões para uma conta ligada a Sérgio Cabral no Uruguai. Para dar aparência de legalidade ao negócio, a transferência de dinheiro foi justificada com a intermediação na compra de uma mina de outro. Mas os doleiros Renato e Marcelo Chebar procuraram os investigadores para fechar um acordo de colaboração premiada e reduzirem suas futuras punições, quando confessaram que foram procurados por assessores do peemdebista para viabilizar o recebimento do dinheiro de Eike no Uruguai.
Segundo os irmãos, o contrato relacionado à mina de ouro era fictício. Bretas diz que as suspeitas iniciais são ;amparadas; por ;elementos de prova aparentemente fidedignos e harmônicos entre si; para comprovar o repasse no exterior com apoio de Flávio Godinho, vice-presidente do Flamengo e assessor de Eike.
Mas Godinho teve uma reunião com Renato Chebar em 2015 na casa de Cabral, quando a Operação Lava-Jato estava em curso e documentos tinham sido apreendidos com o empresário. Na ocasião, narra o doleiro, o assessor de Eike pediu que os dois delatores sustentassem que a contratação era verdadeira.
Eike ainda depositou R$ 1 milhão na conta do escritório da mulher do ex-governador, a advogada Adriana Ancelmo, também detida. O empresário foi convocado a esclarecer o repasse, mas garantiu que não se tratava de corrupção, mas de um pagamento orientado pela Caixa Econômica para quitar consultorias e assessorias na criação de um fundo de investimentos. Mas a instituição finaceira disse aos investigadores que ;não houve indicação; do escritório de Adriana ;para qualquer outra operação;. ;As alegações do representado Eike Batista caem por terra;, avaliou o juiz Marcelo Bretas, ao ordenar sua prisão. ;Eike Batista não disse a verdade em seu depoimento perante o MPF, o que, confirmando as suspeitas iniciais, reforça a tese de seu maior envolvimento com a organização criminosa descrita.;