No servidor retido na Suíça estão os ordenamentos de repasses a políticos, o controle de contas secretas em nome de offshores, pedidos de propinas para agentes públicos, as planilhas com balanço de fluxo financeiro semanal e outras provas de crimes cometidos no Brasil e fora dele.
"Prestar à Força Tarefa Lava Jato em Curitiba todas as informações que as empresas de seu grupo econômico dispuserem ou puderem obter para esclarecer os dados encontráveis em sistemas eletrônicos e base de dados eletrônicos, cuja custódia, após a homologação deste Acordo pelo Juízo da 13; Vara Federal de Curitiba, será entregue ao Ministério Público Federal", diz um dos subitens da cláusula 6;, do acordo de leniência da Odrebrecht.
Espécie de delação para empresas, em processos cíveis, o termo de leniência foi assinado entre Odebrecht e o Ministério Público Federal, no dia 1; de dezembro, e tornado público na sexta-feira (20). Para ter validade, precisa ainda ser apresentado ao juiz federal Sérgio Moro - titular dos processos originários da Lava Jato, em primeira instância - e homologado.
A Odebrecht se comprometeu a entregar para a força-tarefa da Lava Jato e para demais membros do Ministério Público que venham a aderir ao acordo, por crimes que transcendam o esquema Petrobras, "documentos, provas, dados de corroboração, sistemas eletrônicos e de informática (como inclusive todos os dados do Sistema Drousys disponíveis à Colaboradora e às empresas de seu grupo econômico), base de dados, entrevistas documentadas e depoimentos prestados pelos Prepostos".
O Sistema Drousys era a rede de comunicação interna, uma espécie de intranet, dos funcionários do "departamento da propina" da Odebrecht. Com sistema de comunicação fechado - sem acesso para terceiros - e servidor mantido na Suíça, era uma garantia de comunicação segura e secreta usada pela empresa.
Os arquivos do sistema fazem parte das provas que a Odebrecht promete entregar, se forem homologadas as delações dos 77 executivos e ex-executivos do grupo e o acordo de leniência. Esse último, usado na esfera cível e corre em paralelo - mas conexo - ao acordo de colaboração premiada, fechado nos processos criminais.
As delações serão analisadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que escolherá novo relator para a Lava Jato, após a trágica morte do ministro Teori Zavascki, na quinta-feira (19).