A Operação Eficiência, desdobramento da Calicute, aprofunda a investigação da ocultação de, aproximadamente, US$ 100 milhões em contas no exterior (cerca de R$ 340 milhões), em um esquema criminoso usado pelo ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, e pelos demais investigados. De acordo com a Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF), cerca de R$ 270 milhões já foram repatriados.
Na investigação da segunda fase da Lava-Jato no Rio de Janeiro são apontados os crimes de lavagem de dinheiro, corrupção ativa e passiva, além de organização criminosa. Nesta quinta-feira (26/1), são cumpridos seis mandados de prisão preventiva, quatro de condução coercitiva e 22 de busca e apreensão, na ação conjunta da PF com o Ministério Público Federal (MPF) e a Receita Federal. Todos os mandados, que serão cumpridos apenas no Rio de Janeiro, foram expedidos pelo juiz Marcelo Bretas, da 7; Vara Federal Criminal do estado.
Um dos alvos é o empresário Eike Batista, dono do grupo EBX. Há um mandado de prisão preventiva contra ele, que ainda não foi localizado e já é considerado foragido da Justiça. Outra ordem judicial é contra o ex-governador Sérgio Cabral, que está preso no complexo penitenciário de Gericinó, em Bangu, assim como Wilson Carlos e Carlos Miranda, que também estão presos. A pedido do MPF, também foram ordenadas as prisões do advogado Flávio Godinho e quatro membros da organização: Álvaro Novis, Sérgio de Castro Oliveira, Thiago Aragão (Ancelmo Advogados) e Francisco Assis Neto.
As conduções coercitivas se destinam à tomada dos depoimentos de Susana Neves e Maurício Cabral ; ex-mulher e irmão de Cabral ;, de Eduardo Plass (TAG Bank e gestora de recursos Opus) e de Luiz Arthur Andrade Correia, preso na 34; fase da Op. Lava Jato, em setembro. As apreensões ocorrem em endereços residenciais ou comerciais de Susana Neves, Maurício Cabral e dos seis presos sem mandado anterior.
Dinheiro oculto
A investigação da Operação Eficiência tem avançado com base na quebra de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático e em acordos de colaboração premiada. Os procuradores do MPF afirmam que a organização criminosa liderada por Cabral movimentou, em dez meses (entre agosto de 2014 a junho de 2015), R$ 39,7 milhões, cerca de R$ 4 milhões por mês. "A remessa de valores para o exterior foi contínua entre 2002 e 2007, quando Cabral acumulou US$ 6 milhões. Mas esse alto valor em nada se compararia às surreais quantias amealhadas durante a gestão do governo do Estado do Rio de Janeiro, quando ele acumulou mais de US$ 100 milhões em propinas, distribuídas em diversas contas em paraísos fiscais no exterior", afirmam os coautores da petição da Operação Eficiência.
Os cerca de R$ 270 milhões repatriados estão à disposição da Justiça Federal em conta aberta na Caixa. A força-tarefa da Polícia Federal, Ministério Público Federal e Receita Federal, pedem inclusive a cooperação internacional para bloquear e repatriar valores ainda ocultos em outros países.
Veja a lista de mandados de prisão e condução coercitiva:
PRISÕES PREVENTIVAS
Eike Batista, empresário
Sérgio Cabral, ex-governador do Rio de Janeiro
Flávio Godinho, advogado
Wilson Carlos, ex-secretário de governo e ex-assessor de Cabral
Carlos Miranda, ex-assessor de Cabral
Álvaro Novis, membro da organização
Sérgio de Castro Oliveira, membro da organização
Thiago Aragão (Ancelmo Advogados), membro da organização
Francisco de Assis Neto, membro da organização
CONDUÇÕES COERCITIVAS
Suzana Neves, ex-mulher de Sérgio Cabral
Maurício Cabral, irmão de Sérgio Cabral
Eduardo Plass, da TAG Bank e gestora de recursos Opus
Luiz Arthur de Andrade Correia, preso na 34; fase da Lava-Jato em setembro