Quase um ano após os investigadores da Operação Lava-Jato identificarem servidores da Odebrecht na Suíça, parte das informações da empreiteira sobre transferências e pagamentos de propinas pelo mundo continua em segredo. Sem conseguir acessar os dados, protegidos por uma série de códigos e chave de segurança, a Procuradoria-Geral da República recorreu até ao FBI, órgão de investigação dos Estados Unidos.
A resposta dos americanos, porém, não foi nada animadora. Em comunicado ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o FBI disse que, mesmo usando toda a sua tecnologia disponível, precisaria de 103 anos para superar as sofisticadas camadas de proteção dos servidores da Odebrecht.
[SAIBAMAIS]A existência desses servidores na Suíça foi revelada no início de 2016 por funcionários do Setor de Operações Estruturadas, o chamado ;departamento de propinas;. Eles contaram que, para consultar os documentos, o sistema exigia um código secreto que era trocado diariamente, além do uso de uma chave no computador central. Os funcionários explicaram que desconheciam esta chave.
Após o pedido de ajuda dos investigadores brasileiros, o FBI indicou que estava disposto a ajudar e que, de fato, poderia romper o código se soubesse qual havia sido o último computador a fazer uma conexão ao servidor. Uma vez mais, porém, os delatores da Odebrecht indicaram que não tinham esse controle e que não saberiam dar uma resposta. Eram os altos executivos da empreiteira que davam as ordens para os pagamentos de propinas a políticos.
O FBI, então, explicou a Janot que poderia iniciar um processo para tentar romper o código. Mas, que, por suas previsões, teria de fazer simulações com diferentes combinações de códigos por 103 anos para que pudesse superar o sistema de proteção criado pela Odebrecht.