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Prefeitos tomam posse e assumem desafio de governar cidades quebradas

Em São Paulo, João Doria promete gestão, ética e transparência, mas já foi obrigado a reajustar bilhete de integração dos transportes públicos. Situação pode melhorar se a economia voltar a crescer



Prefeito da maior cidade do país, eleito com o discurso de administrador e não político, João Doria assumiu ontem o mandato agradecendo ao prefeito anterior Fernando Haddad, e enaltecendo a trajetória do seu grande mentor político ; o governador do Estado, Geraldo Alckmin ; e reforçou que trabalhará perto dos vereadores, com reuniões mensais na Câmara Municipal. ;Farei gestão à frente da cidade de São Paulo. No Executivo, serei um administrador da cidade. Reafirmo que sou um gestor, respeitando todos os políticos;, disse, diante do plenário lotado da Câmara Municipal.

[SAIBAMAIS]Doria citou, em seu discurso, dez temas que irão nortear a sua gestão, todos precedidos pela palavra ;respeito;. Ele prometeu respeito ao Legislativo e ao Judiciário e reafirmou seu compromisso de despachar com os parlamentares uma vez por mês. ;Em todos os níveis, vamos ter demonstrações claras de transparência e de ética;, frisou. O novo prefeito também adotou tom de conciliação e disse que sustentará o diálogo e a capacidade de estar aberto a todas as correntes e manifestações. ;Não importa se são da oposição ou contrárias às nossas convicções;, ponderou.

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Em meio às saudações no início da sua fala, Doria se dirigiu ao vereador Eduardo Suplicy (PT), dizendo ser uma das poucas boas figuras da política brasileira e um bom amigo. O tucano ainda se comprometeu a varrer alguns trechos da cidade hoje às 6 horas, junto do vice-prefeito, secretários e presidentes de autarquias, todos vestidos de garis. ;Vamos dar demonstração de humildade e capacidade de trabalho. Vamos começar cedo, antes do sol raiar;, prometeu.

O discurso inflamado do novo prefeito, unindo promessas de austeridade e de contenção de gastos ; que se repetiu ao longo de praticamente todas as posses de ontem ; é uma tentativa de antídoto às pressões e críticas que os novos prefeitos enfrentarão dos eleitores. ;O país e as prefeituras estão quebradas. Não há como fugir disso;, reforçou o diretor da ONG Contas Abertas, Gil Castelo Branco. Ele lembrou levantamento feito pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM) mostrando que quase 80% das administrações municipais viraram o ano falidas.

No início do ano passado, a expectativa dos prefeitos era de que o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) tinha uma projeção de arrecadação de aproximadamente R$ 99 bilhões. Fechou o ano com pouco mais de R$ 80 bi. No final do ano, veio uma sobrevida para as cidades: o Tribunal de Contas da União (TCU) aceitou o repasse, para as contas municipais, de R$ 5 bilhões decorrentes da repatriação de recursos. ;Foi um presente pós-natal para que os prefeitos não fossem acusados de crime contra a Lei de Responsabilidade Fiscal;, lembrou Gil.

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