Prioridade zero para a Operação Lava-Jato, a Odebrecht passou a protagonizar a atenção dos investigadores a partir de junho deste ano, quando o ex-presidente da construtora Marcelo Odebrecht começou a negociar o acordo de delação premiada. O auge da negociação, no entanto, ocorreu entre os dias 12 e 17 deste mês.
Nesse período, o Ministério Público Federal (MPF) organizou um mutirão para a coleta de depoimentos e negociações para firmar os acordos de 77 executivos da Odebrecht.
[SAIBAMAIS]O trabalho tomou uma semana de dedicação exclusiva não apenas dos 13 procuradores da força-tarefa em Curitiba. Ao todo, foram acionados mais de cem procuradores em 30 cidades, que colheram cerca de 800 depoimentos.
O esforço tinha como objetivo entregar a documentação ao ministro-relator das ações da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, antes do dia 19, data em que começou o recesso de fim de ano do Judiciário.
O prazo foi cumprido, mas a custo da suspensão das demais negociações. "A Procuradoria estava até sem tempo para conversar com as outras empresas por causa disso", afirmou o advogado Edward Rocha de Carvalho, que, na Lava-Jato, defende réus ligados às construtoras Andrade Gutierrez e OAS.
Uma das principais negociações suspensas foi a de Léo Pinheiro. Condenado a mais de 35 anos de prisão, o executivo está em nova tratativa com o MPF depois de ver seu acordo ser cancelado, em agosto, após o vazamento do conteúdo. Contatado, o advogado
José Luís de Oliveira Lima disse que não falaria sobre o assunto
Expectativa
Advogados esperam que as negociações só devam ser retomadas, na melhor das hipóteses, em fevereiro. "Nossa expectativa é de que, com o esforço concentrado para obter os depoimentos da delação da Odebrecht, depois do recesso, possam cuidar de outros casos que estavam parados aguardando o desenvolvimento desse aí", disse o advogado Marcelo Leonardo, que defende o empresário Marcos Valério, condenado no mensalão, e réu da Lava-Jato.
Por Agência Estado