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Calero rebate Planalto e diz que não pediu reunião para gravá-la

Na noite de quinta-feira, em comunicado oficial, o presidente disse ter ficado "surpreendido" com boatos de que Calero teria gravado as conversas.

O ex-ministro da Cultura Marcelo Calero refutou a sugestão do Palácio do Planalto de que ele teria convocado uma reunião com o presidente Michel Temer com o intuito de gravar o encontro. Na noite de quinta-feira, em comunicado oficial, o presidente disse ter ficado "surpreendido" com boatos de que Calero teria gravado as conversas.

"A respeito de informações disseminadas, a partir do Palácio do Planalto, de que eu teria solicitado audiência com o presidente Michel Temer no intuito de gravar conversa no Gabinete Presidencial, esclareço que isso não ocorreu", refutou o ex-titular da Cultura, que deixou o cargo na última sexta-feira. Calero pediu demissão e acusou o agora ex-ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, de pressioná-lo para conseguir uma liberação junto ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para construir o empreendimento La Vue Ladeira da Barra, em Salvador.



"Durante minha trajetória na carreira diplomática e política, nunca agi de má fé ou de maneira ardilosa. No episódio que agora se torna público, cumpri minha obrigação como cidadão brasileiro que não compactua com o ilícito e que age respeitando e valorizando as instituições", diz Calero, na nota divulgada nesta sexta. A crise gerada com as denúncias de Calero culminou no pedido de demissão de Geddel. O ex-ministro entregou nesta manhã a carta de demissão a Temer.

Em depoimento à Polícia Federal, Calero ainda disse que Temer corroborou Geddel e ajudou a pressioná-lo. Na noite de quinta, o presidente explicou as conversas que teve com Calero e disse que jamais o pressionou.

"O ex-ministro sempre teve comportamento irreparável enquanto esteve no cargo. Portanto, estranha sua afirmação, agora, de que o presidente o teria enquadrado ou pedido solução que não fosse técnica. Especialmente, surpreendem o presidente da República, boatos de que o ex-ministro teria solicitado uma segunda audiência, na quinta-feira (17), somente com o intuito de gravar clandestinamente conversa com o presidente da República para posterior divulgação", afirmou ontem o porta-voz da Presidência da República, Alexandre Parola.