A manobra tramada por deputados federais para aprovar uma anistia ao crime de caixa dois provocou uma reação imediata entre integrantes do Judiciário, do Ministério Público Federal e da sociedade civil. A ideia dos congressistas era votar a emenda, em forma de substitutivo, ao relatório das medidas de combate à corrupção, aprovado na comissão especial durante a madrugada de quinta-feira. ;Toda forma de anistia é questionável. Estimula o desprezo à lei e gera desconfiança;, criticou o juiz federal Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava-Jato em Curitiba.
Para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, além das medidas contra a corrupção estarem sendo desconfiguradas, os parlamentares pretendem anistiar a corrupção de forma geral. ;Nossa maior preocupação é anistiar crimes de corrupção e crimes de lavagem de dinheiro;, protestou.
A tentativa de mudar o projeto de combate à corrupção provocou confusão no plenário. Após muito bate-boca e dedos em riste, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (PMDB-RJ), acabou obrigado a adiar a votação da proposta das ;10 medidas;, que viraram 12 (veja quadro), para a próxima terça-feira. Para tentar gerar um constrangimento aos parlamentares que votassem a favor da emenda, a Rede e o PSol sugeriram, por meio de requerimento, que a votação fosse nominal. A maioria partidária votou contra e aí, então, começou a gritaria entre parlamentares que se posicionaram a favor com os que se mostravam contra.
"Houve reuniões da maioria esmagadora dos líderes, na casa do presidente, onde se tramava anistiar todos aqueles que praticaram o crime de caixa dois", afirmou o deputado Ivan Valente (PSol- SP). Desde o início da semana, Maia e o relator do projeto, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), se encontram com líderes numa tentativa, segundo eles, de "acatar sugestões" de todos. Na penúltima reunião da comissão, inclusive, Lorenzoni abandonou a sessão por mais de seis horas para modificar o texto.
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