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Queda de braço entre Jucá e Renan deixa votação de repatriação indefinida

A proposta foi anunciada por Renan há duas semanas, como uma forma de turbinar as receitas da União.

Um desentendimento no estilo de articulação política colocou dois caciques do PMDB em confronto. O presidente do partido e líder do governo no Congresso, Romero Jucá (RR), e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), não conseguem concordar sobre como proceder quanto à votação do projeto que reabre o programa de repatriação.

A proposta foi anunciada por Renan há duas semanas, como uma forma de turbinar as receitas da União. O governo abraçou o projeto e, poucas horas depois, Jucá, que ainda não havia assumido a liderança, já falava como porta-voz da matéria. Em seguida, ele foi indicado como relator do projeto.

Renan e Jucá, porém, possuem formas diferentes de atuar politicamente. Como Jucá representa o governo, o senador prefere fechar todas as pontas do projeto com a Fazenda antes de colocar em votação. A estratégia é cautelosa, para não perder um projeto importante para o Executivo.

Renan, por outro lado, age como presidente do Senado. Ele tem usado a propriedade do cargo para forçar a votação da matéria, obrigando o governo a fazer suas alterações em forma de emendas. É uma questão de não submeter o Legislativo ao Executivo, uma característica pela qual Renan preza bastante.

O projeto, que pode trazer R$ 30 bilhões aos cofres públicos, deveria ter sido votado há uma semana, mas todos os dias Jucá afirma que a votação ficará para o dia seguinte. Seu relatório nunca sequer foi protocolado no Senado. Nesta terça-feira, 22, Jucá afirmou que era preciso encontrar um acordo entre Fazenda e governadores para a partilha dos recursos advindos da multa do programa de repatriação. Ele afirmou que entregaria o relatório para votação no mesmo dia, mas falhou.

Renan não escondeu a irritação e deu um puxão de orelha público em Jucá dentro do plenário. "Peço ao senador Romero Jucá que, por favor, apresente seu parecer porque precisamos fazer a votação", disse. No fim do dia, Renan afirmou que vai fazer a votação do projeto nesta quarta-feira, invariavelmente, e se Jucá não apresentar o relatório, ele colocará em votação o texto do senador José Maranhão (PMDB-PB), que é o relator da matéria na Comissão de Constituição e Justiça.

Na manhã dessa quarta, 23, Jucá minimizou a articulação de Renan e tornou a afirmar que é possível que a matéria não seja votada hoje. "É provável que a votação não aconteça. Ainda não fechamos um acordo entre a Fazenda e os governadores. Mesmo que o relatório fique pronto, é possível que os demais senadores peçam vista", disse.

Por Agência Estado