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Politica

PT vê cinturão vermelho ser transformado em azul em São Paulo

O partido não obteve o comando de qualquer município na região industrial e, consequentemente, sindical, base de sua sustentação política.


A eleição municipal de 2016 será marcada pelo fim cinturão vermelho paulista, expressão utilizada para representar o poder que PT teve em municípios no entorno da cidade de São Paulo, principalmente na região do ABC, berço político do partido.

Com as derrotas hoje, na votação em segundo turno de Carlos Grana (PT), em Santo André (SP), e Donisete Braga (PT), em Mauá (SP), além das já ocorridas no primeiro turno, o PT não obteve o comando de qualquer município na região industrial e, consequentemente, sindical, base de sua sustentação política.

"A região virou um cinturão azul, com a vitória em cidades importantes do PSDB como em São Bernardo do Campo (Orlando Morando) e Santo André (Paulo Serra) e com o PT sequer disputando o segundo turno em vários municípios", disse cientista político e professor da Fundação Getulio Vargas (FGV) Marco Antonio Carvalho Teixeira. "Esse cinturão dificilmente voltará a ser vermelho tão cedo", completou.

Já o cientista político e professor do Insper Carlos Melo, afirmou que o fracasso do PT na região já durante a campanha presidencial em 2014, com a então presidente e candidata à reeleição Dilma Rousseff, fez com que os resultados de 2016 se tornassem esperados. "É o final de um ciclo, uma página virada", resumiu Melo.

Com a derrota no cinturão vermelho, na capital e também em grandes cidades paulistas, o maior município governador pelo PT no Estado de São Paulo será Araraquara. Com cerca de 229 mil moradores e 163.824 eleitores, a cidade do interior paulista figura entre 36; e 37; maior do Estado e sequer tem segundo turno por não ter mais de 200 mil eleitores.

Com 41.220 votos, ou 41,71% dos válidos, o ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República Edinho Silva foi eleito em 2 de outubro para o terceiro mandato como prefeito de Araraquara, a qual já governou entre 2001 e 2008. Ao Broadcast, o Edinho, que também é ex-presidente estadual do PT, evitou comentar a perda de poder no cinturão vermelho e admitiu que as dificuldades do partido são gerais: "Nossas vitórias se tornaram exceção", afirmou o prefeito eleito