"Essa ideia de que todos devem recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) e de que todos têm que chegar ao Supremo é um tropicalismo equívoco. Um processo tem que levar de três meses a um ano e meio, e não cinco anos, como tem acontecido." Barroso considera que a maioria dos processos deve acabar na segunda instância.
O ministro negou que tenha votado a favor da mudança de entendimento por causa da Operação Lava Jato. "Quem interpreta a Constituição e pensa o País institucionalmente não olha para uma questão específica, portanto eu não tinha olhos na Operação Lava Jato, eu acho que simplesmente é melhor para o País. Porque nenhum país civilizado deixa que as pessoas venham a cumprir pena por um crime grave até dez anos depois", declarou Barroso.
Ele também rebateu as críticas de que a condenação antes do processo ter tramitado em julgado fere o direito de defesa dos acusados. "Respeitar o direito de defesa não significa que o processo não acaba nunca", comentou. Barroso avaliou que a possibilidade de os condenados em segunda instância permanecerem soltos até a análise dos tribunais superiores deixa de ser um direito de defesa e passa a ser uma "pretensão" de impunidade, o que "ninguém pode legitimamente respeitar".