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Agenda de Léo Pinheiro mostra quatro reuniões com Gim Argello

Documentos foram apreendidos pela PF e apresentados a Sérgio Moro. Defesa de ex-senador diz que não comenta papéis entregues fora do prazo. Juiz nega perícia sobre vídeos de depoimento de Paulo Roxo

Eduardo Militão
postado em 30/09/2016 16:16
Documentos foram apreendidos pela PF e apresentados a Sérgio Moro. Defesa de ex-senador diz que não comenta papéis entregues fora do prazo. Juiz nega perícia sobre vídeos de depoimento de Paulo Roxo
A agenda encontrada nos telefones celulares do ex-presidente da empreiteira OAS Léo Pinheiro mostra quatro reuniões na casa do ex-senador Gim Argello (ex-PTB-DF). Os encontros aconteceram em 25 de abril, 6 de maio, 8 de maio e 13 de maio de 2014, quando o ex-parlamentar era vice-presidente da CPI da Petrobras. Léo Pinheiro e o Ministério Público acusam Gim de receber propina em troca de blindagem às empreiteiras que seriam investigadas na CPI.

[SAIBAMAIS]O material foi apresentado ao juiz da 13a Vara Federal de Curitiba, Sérgio Moro, na noite de quinta-feira (29/9) na ação penal contra réus como o ex-senador, o empreiteiro, e os operadores Paulo Roxo e Valério Neves. Ele foi apreendido pela Polícia Federal nos endereços de Léo Pinheiro em novembro de 2014, na 7a fase da Operação Lava-Jato e analisado em laudo pelos investigadores. A defesa de Léo Pinheiro tenta reabrir as negociações por uma colaboração premiada e, assim, reduzir as punições a que responde. O empreiteiro está preso no Paraná e já foi condenado a 16 anos de cadeia por corrupção ativa.



Em depoimento à Justiça, Gim, que também está preso no Paraná, não negou os encontros com os empreiteiros, alguns com a presença do então presidente da CPI, o ex-senador e ministro do Tribunal de Contas da União Vital do Rêgo. Também não negou ter recebido dinheiro das construtoras, mas afirmou que se tratavam de doações eleitorais legais.

De acordo com o Ministério Público, Gim pediu R$ 35 milhões a sete empreiteiras, recebendo pelo menos R$ 7,2 milhões, em troca de blindagem na CPI. Vital do Rêgo e o ex-relator da CPI, o deputado Marco Maia (PT-RS), são investigados em inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) porque possuem foro privilegiado.

O advogado de Gim, Marcelo Bessa, afirmou ao Correio nesta sexta-feira (30/9) que não vai comentar documentos que foram anexados ao processo fora do prazo. A ação penal está em fase de alegações finais. As defesas têm prazo para apresentar seus últimos argumentos por escrito até semana que vem. Depois, o caso será analisado por Sérgio Moro, que deverá sentenciar condenando ou absolvendo os réus.

Sem perícia

Sérgio Moro negou na quinta-feira o pedido de realização de perícia em vídeo de depoimento do publicitário Paulo Roxo, apontado como operador de Gim no esquema de propina e blindagem na CPI. Segundo o magistrado, ;a instrução ordinária e a complementar estão encerradas; na ação penal.

O advogado de Roxo, Daniel Gerber, pediu que fosse feita uma perícia nos vídeos porque ele afirma que o depoimento de seu cliente à PF foi feito sem que ele soubesse que já estava solto por Moro. Com essa informação, a defesa poderia usar outra estratégia, como ficar em silêncio. Na conversa com o delegado da PF Luciano Flores de Lima, Paulo Roxo admitiu que pegou 200 mil euros em dinheiro vivo num escritório do lobista e executivo da empreiteira Toyo Setal Júlio Camargo, no Rio de Janeiro. De lá, embarcou num avião com destino a Brasília e entregou os valores para Gim Argello.

Para Moro, ;a prova é irrelevante;. ;O objetivo seria aparentemente provar que o cliente teria sido intimidado durante o depoimento na polícia ou que teria sido induzido a determinadas respostas, como alegou o acusado em seu depoimento judicial. Entretanto, o vídeo juntado (evento 384), ainda que não integral, já é suficientemente conclusivo a respeito das circunstâncias desse depoimento.;

Gerber disse ao Correio que não pretende recorrer da decisão.

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