Mas o próprio presidente da Câmara deu indicações de que não está satisfeito com a proposta atual e cobra soluções de financiamento. Maia é favorável à volta do financiamento empresarial de campanha. É, inclusive, autor de uma PEC sobre o assunto. "Pelo jeito, o Senado não vai votar a PEC do financiamento empresarial. Assim será fundamental discutir a mudança do sistema eleitoral e não apenas o fim das coligações", afirma Maia.
Para ele, seria necessário encontrar uma solução que compensasse a falta de financiamento de empresas e o fim das coligações proporcionais. Maia disse estar tentando convencer os deputados a votar essa mudança. Uma solução seria a chamada "lista fechada". Pelo modelo, os eleitores votariam apenas em partidos, que apresentariam uma lista de candidatos em ordem de prioridade determinada pela própria legenda. O total de vagas de cada partido seria proporcional ao número de votos obtidos.
Atualmente, a votação é feita por lista aberta: os eleitores votam diretamente no candidato. Esse modelo torna as campanhas personalistas e mais caras. Com a lista fechada, seria mais fácil não fazer uso de financiamento empresarial, já que as campanhas seriam focadas no partido e não nos candidatos, com menos necessidade de propaganda.
Os parlamentares acreditam que as eleições municipais, sem financiamento empresarial, terão forte impacto sobre a tramitação da proposta e o texto final. "O financiamento de campanha é um assunto que vai ser reaberto. Essa questão estava mais ou menos pacificada antes da eleição, mas o processo vai reabrir o tema", disse o senador José Agripino (RN), presidente do DEM. O senador Aécio Neves tem negociado com líderes de partidos na Câmara na tentativa de reduzir as resistências à proposta de reforma.