Investigada pela Procuradoria-geral de Justiça do Estado de São Paulo sob suspeita de participar de um esquema que pode ter desviado R$ 203 milhões dos cofres públicos de Ribeirão Preto (SP), a prefeita Dárcy Vera (PSD) optou, nesta sexta-feira (23/9), por ler um breve pronunciamento de defesa. A prefeita evitou detalhar as acusações, exceto quando negou ter imóveis não declarados no Brasil e no exterior, bem como ter tido contas de cartão de crédito pagas por investigados no esquema.
[SAIBAMAIS]Dárcy iniciou a primeira fala pública 23 dias após a Polícia Federal e o Ministério Público do Estado de São Paulo deflagrarem a Operação Sevandija, informando que sua advogada a havia proibido "terminantemente" de conceder entrevistas por conta de as investigações ainda estarem em curso. Durante os cinco minutos do pronunciamento em um salão do Palácio Rio Branco, sede do governo local, a prefeita lembrou que já prestou dois depoimentos na Procuradoria e que tem "certeza de que todos os fatos serão esclarecidos".
Em seguida, Dárcy afirmou que "quem tem de responder a essas investigações é a Justiça". Além disso, disse que não poderia se "responsabilizar pelas pessoas que citaram" seu nome ou se utilizaram dele "de forma indevida", em referência aos grampos e materiais apreendidos na operação.
A prefeita, no entanto, não citou que ela própria foi flagrada em um grampo com Marco Antonio dos Santos, ex-superintendente do Departamento de Água e Esgoto de Ribeirão Preto (Daerp), preso sob suspeita de operar o esquema de desvio de recursos. No grampo, Dárcy informa que pretendia cortar funcionários indicados por vereadores e parar obras nas bases dos parlamentares por eles não terem aprovado um projeto do Executivo na Câmara.
Dárcy lembrou que, há cinco anos, o nome dela foi envolvido em esquema de venda ilegal de casas na cidade e que foi absolvida pela Justiça. A prefeita negou ter casas nos Estados Unidos ou em qualquer outro país, referindo-se às suspeitas de investigadores de que ela possuía esses imóveis sem declará-los. E também contestou a suspeita de que envolvidos no esquema teriam arcado com seus custos de cartão de crédito. "Quem paga meu cartão de crédito sou e com o meu salário."
Por fim, a prefeita de Ribeirão Preto elogiou o trabalho da Procuradoria-geral de Justiça, órgão de segunda instância que a investiga por ter foro privilegiado, e repetiu que está trabalhando diariamente para que haja a continuidade das ações da Prefeitura. "Peço que a população de Ribeirão Preto aguarde o final das investigações até que a verdade seja esclarecida", concluiu.