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Politica

Candidato João Doria tenta se associar também à máquina federal

Além de tentar passar a ideia de que tem bom trânsito na esfera federal, Doria reforçou a participação de Alckmin na campanha

Aposta do governador Geraldo Alckmin na disputa eleitoral em São Paulo, o candidato tucano à Prefeitura, João Doria, pretende mostrar que também tem acesso à administração do presidente Michel Temer. O ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, que é filiado ao PSDB, participará de uma agenda nos próximos dias ao lado do candidato tucano.

Moraes será o primeiro integrante do primeiro escalão de Temer a fazer campanha em São Paulo. O local da atividade ainda não foi definido, mas a expectativa é de que seja já no próximo fim de semana. Também tucano, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, se ofereceu para vir a São Paulo e pode gravar uma participação no horário eleitoral.

"O Doria tem apoio de vários ministros e eles se dispuseram a fazer campanha. Estamos analisando a melhor maneira. A ideia é que isso aconteça quando houver alguma atividade que tenha relação direta entre os problemas das cidade e as pastas", disse Júlio Semeghini, coordenador da campanha [SAIBAMAIS]tucana. Ao mesmo tempo em que Doria tenta mostrar acesso à máquina federal, a associação com o governo Temer, que é do PMDB, tem causado constrangimentos à candidata peemedebista, Marta Suplicy, chamada de "golpista" em algumas ocasiões durante a campanha.

No debate do domingo passado, promovido pela Gazeta, o jornal O Estado de S. Paulo e o Twitter, Marta tentou jogar na conta de Celso Russomanno (PRB) o desgaste por proposta impopular do governo. Questionada sobre mudança na legislação trabalhista que prevê jornada de até 12 horas, a peemedebista cobrou o adversário. "Quem fez a proposta foi exatamente o ministro do Trabalho do PTB, que é do partido do Celso Russomanno", disse Marta na ocasião. O PTB tem a vice na chapa de Russomanno, Marlene Machado.

O partido de Russomanno também está na base de Temer e tem Marcos Pereira, presidente licenciado do PRB, como titular da pasta da Indústria, Comércio Exterior e Serviços. O ministro, porém, deve ficar fora da campanha em São Paulo. "A orientação do presidente é evitar que ministros participem das disputas para não provocar desarranjos na base", disse José Yunes, coordenador da campanha de Marta e amigo pessoal de Temer Ele avalia que ministros "não agregam", porque a eleição é mais voltada para os temas relacionados à cidade.

Padrinho
Além de tentar passar a ideia de que tem bom trânsito na esfera federal, Doria reforçou a participação de Alckmin na campanha. Comerciais com a dupla voltaram a ser exibidos no programa eleitoral da TV e o candidato tucano marcou dois eventos ao lado do padrinho para esta quinta-feira, 22. O primeiro será um "encontro político" em um hotel na capital. O evento será o terceiro de Alckmin em toda a campanha. O primeiro foi uma caminhada em Paraisópolis e o segundo a convenção tucana Após o ato em um hotel da capital, o governador participará de um jantar de arrecadação de fundos. Cada convite custará R$ 2 500. Foram colocados à venda 800 ingressos ao todo.

Em outra frente, Doria receberá o apoio, em vídeo, de quadros tucanos paulistas. Segundo a coluna Painel, do jornal Folha de S.Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e o senador José Aníbal, que era desafeto de Doria, decidiram entrar na campanha. O senador Aécio Neves (MG), presidente nacional do PSDB, já gravou um depoimento, a exemplo do também senador Aloysio Nunes Ferreira, líder do governo na Casa. O ministro das Relações Exteriores, José Serra, deve ficar fora. A coordenação de comunicação da campanha, porém, minimiza o peso dos apoios. "Todo apoio político é importante, mas, para o cidadão pobre da periferia, não há grande diferença pela falta de identificação com esses nomes", disse ao jornal O Estado de S. Paulo o publicitário Lula Guimarães, responsável pela comunicação da campanha de Doria.

Candidato tucano diz que, se eleito, vai abrir mão de salário
O candidato João Doria (PSDB) prometeu na quarta-feira, 21, doar seu salário como prefeito, caso seja eleito, a "instituições", em entrevista à Rádio Bandeirantes e à BandNews. Em quatro anos de mandato e um salário de R$ 24 mil mensais, Doria abriria mão de mais de um R$ 1 milhão ao longo dos quatro anos. "Tenho dinheiro suficiente para viver o resto da minha vida sem trabalhar (;) Quero seguir o exemplo de Michael Bloomberg, ex-prefeito de Nova York", declarou o tucano na entrevista.

Bloomberg, que tem fortuna estimada em US$ 31 bilhões, foi prefeito de Nova York de 2002 a 2013. Estima-se que, durante os seus três mandatos, o político e empresário americano tenha gastado cerca de US$ 650 milhões do próprio bolso (viajava nos próprios jatinhos e helicópteros, por exemplo). Por ano, simbolicamente, Bloomberg recebeu US$ 1 por exercer o cargo de prefeito.



Doria declarou à Justiça Eleitoral ter patrimônio de R$ 179,9 milhões. Entre os bens que o candidato tucano afirmou ter estão quatro imóveis, o mais caro deles no valor de R$ 12 milhões, e quatro carros, entre eles dois Porsches no valor de R$ 316 mil e R$ 278 mil. Além disso, declarou R$ 85 milhões em participações em nove empresas e R$ 36 milhões em investimentos em obras de arte e aplicações em dinheiro no Brasil e no exterior.

Ainda na entrevista, Doria foi questionado se o investimento financeiro feito na campanha compensaria. Doria afirmou que "não há investimento nem sentido empresarial, mas, sim, sentido social (;) Fazer esse esforço por quatro anos vai melhorar minha vida com meus amigos e com a cidade". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.