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'Apenas conheço', declarou Cunha sobre Funaro à CVM

Funaro é apontado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nas investigações da Operação Lava-Jato, como operador de propinas de Cunha

O ex-presidente da Câmara e deputado cassado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi questionado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), em 2013, sobre suas relações com o empresário Lúcio Bolonha Funaro - preso há mais de dois meses na Operação Sépsis, desdobramento da Lava Jato.

Em 22 de novembro daquele ano, a CVM mandou um ofício a Eduardo Cunha, na Câmara dos Deputados, com 37 perguntas. A pergunta número 9 era "Qual o grau de relacionamento e contato de V. Exa. com Lucio Bolonha Funaro?". O peemedebista declarou. "Apenas conheço."



Funaro é apontado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nas investigações da Operação Lava-Jato, como operador de propinas de Cunha. Funaro foi preso em 1; de julho na Sépsis, por ordem do Supremo Tribunal Federal.

A Operação Sépsis foi deflagrada com base na delação premiada do ex-vice-presidente da Caixa Econômica Federal Fábio Cleto. Ele revelou detalhes da parceria de Eduardo Cunha e Funaro em operações do FI-FGTS entre 2011 e 2015.

O delator contou que semanalmente reunia-se com Eduardo Cunha, inclusive na residência oficial da Presidência da Câmara. Nesses encontros, Cleto submetia ao peemedebista projetos de empresas que pediam financiamento do FI-FGTS. Cunha, segundo o delator, decidia quais operações deveriam ser autorizadas pelo colegiado do FI-FGTS. Ainda segundo Fábio Cleto, o "operador" Funaro se encarregava de procurar as empresas.

O documento da CVM, assinado em 2013 pelo então Superintendente de Processos Sancionadores, Carlos Guilherme de Paula Aguiar, solicitou ao então deputado para "designar dia, hora e local para a realização de vossa oitiva pessoal, observando-se, assim, todas as prerrogativas inerentes ao relevante cargo público ocupado por V.Exa".

As 37 perguntas da Comissão a Cunha abrangiam sua atuação "nos mercados futuros de dólar americano e Índice Bovespa Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM), no período de abril de 2004 a setembro de 2005".

A indagação 28 também envolvia o suposto operador de propinas de Eduardo Cunha. "Lucio Bolonha Funaro tinha autorização para transmitir ordens em nome de V. Exa à Laeta e à Cruzeiro do Sul CM?"

O peemedebista respondeu em 8 de janeiro de 2014. "Nunca teve qualquer procuração pública minha, ou qualquer tipo de instrumento, como é natural para se praticar esse tipo de ato."

A Comissão de Valores Mobiliários também quis saber naquele ano qual era "o grau de relacionamento" de Eduardo Cunha "com pessoas que trabalhavam no Postalis - Instituto de Seguridade Social dos Correios e Telégrafos, em especial com Helio Afonso Pereira e Adilson Florêncio da Costa". Eduardo Cunha retornou. "Nenhum."

Adilson Florêncio da Costa foi denunciado em julho deste ano pela Operação Recomeço. Segundo a acusação, ele e 15 investigados se envolveram em um esquema que causou prejuízo de R$ 90 milhões aos fundos Postalis e Petros, que deveriam ser usados na recuperação da Universidade Gama Filho. Adilson Florênio foi denunciado na Lei do Colarinho Branco por gestão fraudulenta de instituição financeira.