Jornal Correio Braziliense

Politica

CUT monta acampamento para protestar contra impeachment

Sindicalistas prometeram organizar uma greve geral, caso o afastamento definitivo da presidente seja confirmado

A Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Distrito Federal montou um acampamento em frente ao ginásio Nilson Nelson, onde pretende reunir entre 20 mil e 30 mil pessoas, para protestar contra o impeachment de Dilma Rousseff, que está em julgamento no Senado Federal. Na votação da Câmara dos Deputados, em abril, foram quase 70 mil pessoas. Os sindicalistas prometeram organizar uma greve geral, caso o afastamento definitivo da presidente seja confirmado esta semana.

Pela manhã deste domingo (28/8), houve um ato de comemoração aos 33 anos da CUT DF e a ex-presidente do sindicato, deputada federal Erika Kokay (PT-DF), discursou para um público ainda pequeno. ;Dilma está sendo pressionada para renunciar por aqueles que não querem a pecha de golpistas. Mas ela não vai ceder em nome das mulheres e do povo brasileiro que a elegeu;, bradou.

Leia mais notícias em Política

Outros sindicalistas tomaram a palavra, ressaltando que o papel da central, ;neste momento em que os direitos trabalhistas estão sendo atacados;, é organizar as bases para uma greve geral. Segundo eles, a única forma de combater o ;governo golpista; é parando a produção. O tom dos discursos deu a entender que nem mesmo os que apoiam Dilma Rousseff acreditam que ela escapará do impeachment.

Para o presidente da CUT DF, Rodrigo Britto, no entanto, há esperança. ;Um grupo pequeno de senadores ainda não se decidiu. Este julgamento é político, um golpe parlamentar. Esperamos que a presidente faça uma boa explanação para responder com firmeza aos senadores;, assinalou.

Britto alertou que a assembleia de ontem foi apenas um aquecimento para a grande mobilização, marcada para hoje. ;A ideia do acampamento é receber os ônibus que estão chegando de vários estados. Aguardamos grandes grupos do Paraná, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e de Goiás, além do entorno do DF;, explicou. A expectativa é reunir entre 20 mil e 30 mil pessoas, que recepcionarão a presidente Dilma Rousseff, hoje pela manhã, no Senado, onde ela dará o seu depoimento. Os manifestantes devem retornar ao acampamento para de lá saírem, às 16h, em marcha até o Congresso Nacional.

Ao longo do domingo, vários movimentos sociais se sucederam no palco montado no acampamento, que também recebeu músicos. Lideranças de grupos LGBT, de mulheres, de negros, de partidos de esquerda e de entidades sindicais reproduziram o discurso contra o que chamam de golpe e alertaram para o retrocesso que o afastamento de Dilma provocará aos brasileiros.

A paulista Marisete Ribeiro, de 45 anos, desempregada, mora em Brasília há 15 anos e decidiu acompanhar todos os eventos do acampamento. Chegou equipada, com dois coolers e uma enorme bandeira do PT, que estendeu no meio da pista, em frente ao palco. ;Vou passar o dia todo aqui para acompanhar a saga da nossa presidente. Vim pela democracia;, afirmou. Segundo ela, se o ;golpe; se confirmar, o salário mínimo não terá mais reajuste real, os tributos serão majorados e os programas sociais, cortados. ;Será um retrocesso;, sentenciou.

O comerciário Tiago Bitencourt, 27, acampou em frente ao ginásio Nilson Nelson, com um grupo de quase 50 pessoas do entorno do DF. ;Viemos prestar solidariedade aos movimentos de resistência ao golpe. Tem gente chegando de todo o país. Nossa militância não apoia esse governo ilegítimo que está aí;, gritou, balançando uma camiseta com os dizeres ;Fora Temer; e insuflando os colegas.