"O que está em jogo, na verdade, é o direito desse País de ser grande. (Querem) desmontar a Petrobras, que fez a maior descoberta do mundo. Caindo a Petrobras, quebram as siderúrgicas Tem que discutir isso a fundo. Separar os problemas econômicos, o problema do desemprego", discursou Lula por meia hora, com a voz ainda mais rouca do que de costume.
Antes de começar a falar, o ex-presidente pediu a ajuda da plateia, porque recebeu recomendação médica de manter-se mudo, por causa de uma irritação na garganta. "Se tivesse juízo, não estaria aqui. Mas nesses tempos difíceis, a gente não pode deixar de falar."
Críticas
Logo nos primeiros minutos, o ex-presidente criticou antigos aliados que se posicionaram a favor do impeachment de Dilma. "Um companheiro como o Crivella (Marcelo, PRB-RJ), que apoiei tanto, que fala tanto em Deus, não pode cometer essa deslealdade (com a presidente afastada) de quem foi ministro. Como outros que foram ministros. Fiquei muito triste com o comportamento do prefeito do Rio (Eduardo Paes, PMDB) e com o filho do Sérgio Cabral (Marco Antônio Cabral, PMDB-RJ)", afirmou.
Segundo ele, políticos do PMDB estão descobrindo "um jeito de chegar ao poder sem disputar voto popular". Sobre o presidente em exercício, Michel Temer, Lula disse não ter "nada pessoal contra" e que "seria digno" ele dizer que vai disputar as eleições em 2018 para saber se vai ser eleito.
Volta
Questionado após o comício se voltará em 2018, Lula respondeu: "Vamos ver. Vamos ver". Mas, à plateia de trabalhadores, sinalizou que permanecerá no cenário político. "Se mexer (com o trabalhador), o Lulinha Paz e Amor desaparece e volta o Lula para brigar."
Com a aparência abatida, durante um discurso curto comparado aos que costuma fazer, Lula disse que tem "consciência de que a vida e a natureza podem acabar com qualquer um". Em seguida, incitou os manifestantes à militância, completando que "com as ideias eles não acabarão", referindo-se aos opositores políticos.