A presidente afastada Dilma Rousseff afirmou nesta quarta-feira (17/8) que a especulação em torno da sua ida ou não ao Senado para fazer a sua defesa foi o "último bullyng" que sofreu e ressaltou que não tem receio de que os parlamentares a constranjam durante sua passagem pelo Congresso.
"O último bullyng é que eu não iria no Congresso falar diante dos senadores. Errado. Eu vou ao Congresso e falarei aos senhores senadores com o respeito que eles merecem", disse, durante Encontro com Movimentos de Mulheres no Palácio da Alvorada. "E em relação à conduta dos senadores não tenho nenhum temor. Acredito que diante dos olhos do mundo será importante que o Senado Brasileiro honre sua tradição histórica", completou a presidente.
Um dia após ler a sua mensagem aos senadores e ao povo brasileiro, a assessoria de imprensa de Dilma confirmou que ela havia decidido fazer pessoalmente a sua defesa.
Conforme revelou a Coluna do Estadão, Dilma já está redigindo o seu pronunciamento e no Senado terá a opção de apenas discursar e se retirar da sessão. O julgamento final do impeachment começa no dia 25. A previsão é que a presidente afastada apresente sua defesa no dia 29.
Carta
Ontem, durante a leitura da carta, Dilma defendeu a convocação de um plebiscito para encurtar o seu mandato e antecipar as eleições de 2018, pregou um pacto pela unidade nacional e disse que sua deposição seria um "inequívoco golpe". Dilma se definiu como "honesta e inocente", admitiu erros e afirmou não ser legítimo afastá-la pelo "conjunto da obra".
"Não é legítimo, como querem os meus acusadores, afastar o chefe de Estado e de governo pelo "conjunto da obra" (...). Por isso, afirmamos que, se consumado o impeachment sem crime de responsabilidade, teríamos um golpe de Estado", disse a petista. "O colégio eleitoral de 110 milhões de eleitores seria substituído, sem a devida sustentação constitucional, por um colégio eleitoral de 81 senadores. Seria um inequívoco golpe seguido de eleição indireta."