Jornal Correio Braziliense

Politica

CPI do Carf é encerrada sem aprovação de relatório final e votação

Durante os trabalhos, alguns parlamentares foram acusados de ter um "grupo de blindadores" nas investigações

Os trabalhos da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) foram encerrados sem sequer ter o relatório lido e votado. A comissão foi instalada ainda pelo então presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para investigar denúncias e fraudes contra a Receita Federal de bancos e grandes empresas, mediante suposto pagamento de propina para manipular resultados dos julgamentos referentes à sonegação fiscal do Carf.

[SAIBAMAIS]O último encontro do colegiado aconteceu na última terça-feira, 9, ainda com a expectativa de que o novo presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), pudesse prorrogar os trabalhos. Pouco depois que chegou à presidência, Maia afirmou que não concederia mais prazo para os parlamentares e, para que o pedido não fosse votado na quarta-feira, argumentou falta de quórum. Ele chegou a cancelar o período maior que o então presidente interino da Casa, Waldir Maranhão (PP-MA), tinha autorizado para funcionamento da CPI.

Durante os trabalhos, alguns parlamentares foram acusados de ter um "grupo de blindadores" nas investigações. O relator, deputado João Carlos Bacelar (PR-BA), pediu mais prazo para que seu relatório fosse apresentado sob esse argumento.



"O PSDB está blindando a CPI", disse o relator, na semana passada, afirmando que o partido condicionou o apoio a Rodrigo Maia ao fim da CPI. Ele chegou a dizer que o colegiado ouviu apenas um terço dos depoentes que seriam necessários. "Não conseguimos trazer ninguém do setor financeiro, ninguém do setor industrial, ninguém do setor automotivo", disse. "Não quero ser imprudente e indiciar dezenas de empresas sem ouvi-las", afirmou

A CPI do Carf foi criada em fevereiro para investigar supostos pagamentos de propina para manipular os resultados do colegiado, que é uma espécie de tribunal administrativo recursal ligado ao Ministério da Fazenda, responsável por julgar processos tributários.

De acordo com a secretaria da Comissão, não há como prorrogar os trabalhos do colegiado.