PO procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ofereceu uma denúncia no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o deputado Eduardo da Fonte (PP-PE) por suposto recebimento de propina para beneficiar a UTC Engenharia no âmbito da Operação Lava Jato. O ex-executivo da Petrobras Djalma Rodrigues de Souza também foi denunciado no caso. O deputado, ex-líder do PP na Câmara, já foi denunciado em outro inquérito da Lava Jato, sob acusação de tentar atrapalhar as investigações da CPI da Petrobras no Senado, em 2009.
[SAIBAMAIS]Em colaboração premiada, o presidente da empreiteira, Ricardo Pessoa, afirmou que pagou R$ 300 mil ao deputado, mas que ele lhe aplicou um "passa-moleque", porque as obras jamais foram realizadas.
Na denúncia, Janot explica que Dudu da Fonte, como o deputado é conhecido, foi apresentado a Ricardo Pessoa por Djalma Rodrigues como alguém que poderia ajudar a UTC a ganhar contratos no âmbito da chamada Petrocoque, controlada pela Petrobras. Segundo o presidente da UTC, o acerto era para que a construtora tivesse preferência nas obras da Coquepar, no Paraná. Pessoa afirma que pagou R$ 300 mil ao parlamentar, sendo R$ 100 mil em espécie e R$ 200 mil em doações oficiais ao diretório estadual do PP em Pernambuco. O dinheiro foi usado para financiar a campanha de Dudu da Fonte em 2010.
O procurador-geral da República afirma ainda que metade do dinheiro foi repassado a Djalma Rodrigues através de uma doação legal a um sobrinho do ex-executivo da Petrobras, Érico Tavares, que concorreu a deputado estadual em Pernambuco pelo PTC.
Janot pede a condenação de Dudu da Fonte e de Djalma Rodrigues pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, além da perda da função pública ou mandato eletivo dos envolvidos. O procurador-geral também quer que eles devolvam aos cofres públicos R$ 300 mil, o equivalente ao valor solicitado como propina. Caberá ao STF analisar a denúncia. Se ela for aceita pelo tribunal, Dudu da Fonte será transformado em réu em uma ação penal.
Defesa
O deputado Eduardo da Fonte, por meio de sua assessoria, diz que irá prestar todos os esclarecimento ao STF e entende ser um "absurdo" o suposto chefe do cartel das empreiteiras levar um "passa-moleque" de alguém.
A reportagem não conseguiu contato com Djalma Rodrigues.