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Doleiro ligado a Cunha diz que sempre denunciou partidos e pessoas ao MPF

Preso sob acusação de ameaçar delatores e de ser operador de propinas do deputado, Lúcio Funaro diz que apenas indicou currículo de ex-vice da Caixa e afirma que gravou conversas com advogados que %u201Cquiseram vender delações e benefícios%u201D

Preso por ordem do ministro-relator da Operação Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, o doleiro Lúcio Bolonha Funaro, diz que sempre foi um "colaborador" do Ministério Público e ironizou os que o acusam de ameaçar investigados que fizeram delação premiada no caso. "Acho estranho três criminosos confessos me acusarem de algo, eu ser preso por mais de 20 dias sem sequer ser ouvido para contar minha história e, mesmo assim, eu ser a pessoa a ser presa", disse ele em esclarecimentos enviados ao Correio por meio de seu advogado, Daniel Gerber.

Ele negou ser operador de propinas de políticos. Afirmou que sua relação com o ex-deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) não inclui irregularidades, assim como a com o ministro Geddel Vieira Lima, peemedebista considerado "excepcional" e que é interlocutor do empreiteiro Léo Pinheiro, condenado pelo juiz da Lava-Jato no Paraná, Sérgio Moro.

O doleiro está detido em uma cela no Complexo Penitenciário da Papuda em Brasília e, ao menos até agora, não pretende fazer delação premiada pois diz que ter irregularidades para confessar. Em 1; de julho, Funaro foi preso preventivamente na Operação Sépsis, sob acusação de ser operador de propinas do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e de fazer ameaças aos delatores Fábio Cleto, Nelson Mello e Milton Schahin.

Sucesso
Ele disse que Eduardo Cunha tem "boas relações" com o doleiro. "Fiz negócios lícitos com ele, não sou operador.; E ressaltou: ;Não tenho relações com Michel Temer."

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O doleiro se define como "consultor financeiro de sucesso no mercado" e afirma que os serviços que prestou a empresas do grupo do frigorífico JBS Friboi e a Henrique Constantino, empresário da concessionária de rodovias Rondon e herdeiro da companhia aérea Gol,l foram lícitos.

Segundo ele, Cleto, Melo e Schain é que deveriam estar presos. "Eles deveriam estar aqui, não eu, que sempre colaborei com as autoridades, denunciei atos de banditismo e estive à disposição do Judiciário para o que fosse e for necessário", afirma, nas respostas enviadas por seu advogado ao Correio.

De acordo com o consultor, ele sempre foi um colaborador dos órgãos de investigação. "O MPF (...) esquece que sempre colaborei com a instituição, denunciando partidos e pessoas. Sei que, com as provas que irei juntar aos autos, esta opinião será modificada."

Funaro assegura que advogados o assediaram com más intenções e que vai denunciar todos com as conversas que gravou. ;tentaram me vender delações e benefícios", disse. "Nunca aceitei, o que mostra que nada devo e nada temo." E continuou: "Sempre que conversei, gravei o conteúdo."

Ponto a ponto: o que Lúcio Funaro diz em sua defesa

Relação com Eduardo Cunha
;Sempre mantive boas relações com ele, mas nada que possa sugerir a prática de ilícitos. Ele, infelizmente, está no meio de uma disputa política e, por isso, todos aqueles que o cercam acabam sendo atingidos, ainda que nada tenham praticado nada de errado.;

Acusação de ser operador de Cunha
;Nunca fui operador de Cunha ou de qualquer outro político. Ao falarem isso de mim, esquecem de todos os grandes negócios que intermediei entre empresas sérias, assim como meu histórico de consultor financeiro de sucesso no mercado. Com referido deputado, os negócios que entabulei se deram dentro da legislação vigente, e devidamente registrados em contratos e declarações de renda.;

Fundo de investimento do FGTS (usado para distribuir propinas a Cunha, Funaro e Cleto, segundo os investigadores)
"Nunca tratei deste assunto com Cunha ou qualquer outra pessoa.;

Relação com o ministro Geddel Vieira Lima
;Conheço e o tenho na mais alta conta. Excelente profissional, com quem mantive reuniões esporádicas e legítimas. Nunca fiz negócios com Geddel.;

Relação com o presidente interino, Michel Temer

Não mantenho ou mantive qualquer relação.

Relação com ex-vice-presidente da Caixa Fábio Cleto
;Cleto administrava um fundo em meu escritório, entre 2010 e 2011; entreguei seu currículo para pessoas que poderiam indicá-lo para a Caixa, a pedido dele próprio, e nada mais. Somente após tal momento descobri que Cleto praticava delitos no mercado financeiro, contra o Itaú, muito antes de me conhecer, em parceria com Alexandre Margotto; este foi o motivo, inclusive, de não mais me relacionar com ele a partir de 2012.;

Acusação de que Cleto foi obrigado a assinar uma carte de demissão previamente antes de assumir o posto na Caixa
;Jamais participei de ilícitos, e a ;carta; que foi obrigado a assinar é pura ficção de um delator que busca benefícios para seus crimes. Onde está esta carta? Nunca recebi comissões de Cleto, e todos os valores que obtive ao longo da vida foram fruto de meus negócios com empresas sérias.;

Acusações de ameaças feitas a Cleto, ao ex-diretor da Hypermarcas Nelson Mello e ao banqueiro Schahin.
;Cleto, Schahin e Nelson dizem que sou ;violento;, e proferia ameaças. Acho estranho três criminosos confessos me acusarem de algo, eu ser preso por mais de 20 dias sem sequer ser ouvido para contar minha história e, mesmo assim, eu ser a pessoa a ser presa. Isso é um absurdo. Cleto já era criminoso. Schahin, eu mesmo denunciei ao MPF, e à CPI da Petrobrás, pois roubou milhões de dinheiro público. E Nelson, como se sabe, ;assumiu; uma culpa para blindar a diretoria da Hypermarcas na bolsa de valores americana. Eles deveriam estar aqui, não eu, que sempre colaborei com as autoridades, denunciei atos de banditismo e estive à disposição do judiciário para o que fosse e for necessário.
Ainda não obtive a delação de Cleto para saber se ele omitiu algo. Mas deixo claro que os fatos a mim imputados são fantasiosos.;

Acusação sobre modo de vida criminoso
;O MPF, ao afirmar isso, esquece que sempre colaborei com a instituição, denunciando partidos e pessoas. Sei que, com as provas que irei juntar aos autos, esta opinião será modificada.;

Origem de sua renda
;Sempre fui consultor e financista. Sou famoso nesta área, sempre atuei dentro da lei, e, por motivos óbvios, não posso revelar ao público meus clientes, mas o Judiciário e o MPF, de posse de meus arquivos, sabem de todas as informações.;

Negócios com JBS e Henrique Constantino
;Atuei em negócios milionários e, por isso, minha comissão sempre foi proporcional. Nada além disso.;

Mercado de delações
;Fui procurado por alguns advogados que me quiseram vender delações e benefícios. Nunca aceitei, o que mostra que nada devo e nada temo. Tais advogados serão alvo das respectivas denúncias que farei, até mesmo porque sempre que conversei, gravei o conteúdo. Por tal motivo, sei que tudo o que falam de mim é mentira, e só está escrito exatamente porque não cedi à chantagens e pedido de benefícios pecuniários.;