Jornal Correio Braziliense

Politica

Segurança segue com orçamento acanhado às vésperas das Olimpíadas

Levantamento aponta que 10% dos recursos federais destinados para a segurança dos jogos foram pagos, a menos de três semanas da cerimônia de abertura. Em nota, Abin informa que todas as ameaças são "minuciosamente apuradas"

Uma das principais preocupações nos preparativos das Olimpíadas ; após o atentado terrorista que matou 84 pessoas em Nice, na França ;, a segurança pública segue com execução orçamentária acanhada às vésperas do megaevento. Levantamento da ONG Contas Abertas revelou que a poucos dias das disputas esportivas, apenas 10% dos recursos do governo federal foram pagos. Os dados mostram que apesar das iniciativas de mandar investimentos para garantir proteção a turistas, o dinheiro ; considerado pouco por especialistas ; ainda não está sendo usado.

O levantamento aponta que as rubricas estão alocadas nos ministérios da Justiça e da Defesa. Para tentar garantir tranquilidade nos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, o governo federal destinou R$ 775,7 milhões para segurança. Maior parcela do orçamento está nas mãos da Justiça: R$ 512,2 milhões, que até o momento só pagou R$ 10 milhões, ou seja, 2%. Já a Defesa detém R$ 263,6 milhões, sendo que R$ 69 milhões já foram desembolsados. Além desses recursos, o presidente em exercício, Michel Temer, autorizou repasse emergencial de R$ 2,9 bilhões para o Rio de Janeiro.

Na avaliação de especialistas, a burocracia e a falta de políticas públicas também justificam a lentidão nos repasses do governo federal. ;A segurança pública depende do bom ou mau humor do gestor da hora. Os investimentos dependem de decisão política e, normalmente, o que temos é muito discurso de promessa orçamentária. Porém, o orçamento que está aí é para enganar trouxa, pois ele não representa nada. Você ainda precisa ir atrás da disponibilidade financeira;, analisou o ex-secretário nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça Ricardo Balestreri.

Para o especialista, a carência de políticas públicas também prejudica o empenho de recursos na área de segurança do país. ;A coisa de usar ou não os recursos também está relacionada a falta de políticas públicas. Temos 60 mil homicídios no país e não temos, por exemplo, um plano nacional de redução de homicídios. Não há como usar o dinheiro, se não há projetos;, criticou o ex-secretário. Balestreri observa ainda que os valores destinados para segurança estão aquém do que deveria ser. ;O orçamento na área de segurança sempre foi baixíssimo.;

O ex-secretário avalia ter havido um retrocesso nos últimos anos no investimento em segurança pública. ;Precisa ter vontade política para investir em segurança e, hoje, saltamos 20 anos para atrás, retroagimos orçamentariamente. Mas é preciso ser justo para dizer que as crises orçamentária e de liderança afetaram a segurança pública, que não é barata. É preciso dinheiro para fazer segurança e os tecnocratas não conseguem perceber que a falta de investimento na área segurança custa caro com mortes e danos;, analisou o ex-secretário do Ministério da Justiça.

A matéria completa está disponível aqui, para assinantes. Para assinar, clique