Os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil), Geddel Vieira Lima (Secretaria de Governo) e Alexandre de Moraes (Justiça) recebem na tarde desta quarta-feira (6/7) representantes de grupos indígenas que protestaram mais cedo em frente ao Palácio do Planalto. A indicação do general da reserva do Exército Sebastião Roberto Peternelli Júnior, 61, para presidir a Fundação Nacional do Índio (Funai) causou indignação entre os índios e organizações ligadas à proteção dos direitos dos povos indígenas.
Nesta quarta-feira, um grupo de indígenas das etnias pataxó e tupinambá caminhou na Esplanada do Ministérios em direção ao Palácio do Planalto para protestar contra a indicação do militar e outras medidas tomadas pelo presidente em exercício, Michel Temer, como ações que bloquearam execuções orçamentárias ligadas ao Ministério da Justiça, ao qual Funai e o Conselho Nacional de Política Indigenista estão vinculados.
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) informou que repudia a indicação do militar, que ainda não recebeu aval do Palácio do Planalto. "Sua nomeação significaria um inequívoco retrocesso na relação do Estado brasileiro com os povos indígenas, retornando à perspectiva do militarismo integracionista vigente durante o período da ditadura militar", disse o secretário executivo do Cimi, Cléber Buzattto.
Segundo informações do jornal Folha de S.Paulo, Sebastião Roberto Peternelli confirmou o recebimento do convite pelo PSC (Partido Social Cristão), a bancada mais conservadora do Congresso e que conta com parlamentares como Jair Bolsonaro (RJ), Eduardo Bolsonaro (SP) e pastor Marco Feliciano (SP). A reportagem lembra que Peternelli chegou a prestar homenagem ao golpe militar de 1964, em publicações feitas na internet. Em uma das publicações, escreveu "52 anos que o Brasil foi livre do maldito comunismo. Viva nossos bravos militares! O Brasil nunca vai ser comunista".
A Funai está sem um presidente definitivo desde o dia 12 de maio, quando Temer assumiu o Palácio do Planalto. No governo Dilma, a autarquia chegou a passar anos com seu comando ocupado por presidentes interinos. Semanas antes de deixar o Planalto, a presidente afastada Dilma Rousseff liberou uma série de processos de demarcação de terras indígenas. Muitas dessas terras aguardavam há décadas uma definição do governo. No Congresso, há movimentos de parlamentares para que esses atos sejam cancelados.