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Politica

Waldir Maranhão afirma que 'há o prenúncio da renúncia de Cunha'

Presidente interino da Câmara afirma que existe um "sentimento" perceptível de que o peemedebista vai entregar o comando da Casa



Mas não pega mal? Foi assim na questão do impeachment, na consulta à Comissão de Constituição e Justiça no caso Cunha e, agora, a indecisão quanto às sessões durante as festas juninas.
A partir de agora, da próxima segunda-feira, vamos trabalhar em regime de esforço concentrado.

Por quanto tempo o senhor vislumbra que continuará essa questão da interinidade?
O timing vai ser dado por ele (Cunha), se houver cassação ou renúncia. Fundamentalmente, vai ter vacância, a decisão vai para plenário e nós vamos cumprir as cinco sessões regimentais para marcar uma nova eleição. Qual é o prazo disso tudo? Não sei.

Como o senhor vê todo o momento que envolve Cunha? O senhor foi eleito com ele, vocês todos da Mesa Diretora sempre foram muito parceiros...
É um momento delicado na vida de qualquer ser humano. Até para emitir opinião é algo difícil. Peço a você o direito de não me aprofundar nisso.

Como é presidir a Casa neste momento em que aparecem uma gama de parlamentares sendo investigados pela PF?
Delicado e incomum. Eventualmente, aqueles que devem precisam pagar pelos seus erros.

A sessão que aprovou o impeachment da presidente Dilma na Câmara foi constrangedora. O atual Congresso é considerado o pior da história...
Não vejo como o pior Congresso, porém, os fatos existentes não remeterão para o melhor juízo dos parlamentares perante a sociedade. O poder soberano do povo, e nós somos os frutos dessas decisões, que virão logo, em 2018.

Na última eleição, tivemos uma renovação de mais da metade do Congresso. Mas mudam-se os políticos e a avaliação continua negativa. Como vocês podem fazer para prestar um serviço melhor para a população?
Nós temos que aprimorar as nossas condutas. Estar em permanente sintonia com os anseios da sociedade. As redes sociais estão aí para balizar as nossas ações.

O senhor propõe alguma reforma política para melhorar a situação?
Ela é iminente. Ela tem de acontecer de fato, não uma colcha de retalhos.

Mas qual?
A questão do financiamento das campanhas.

Mas esta já mudou.
Não sei se é o ideal. Quem vai pagar essa conta? Teremos uma campanha de 45 dias. Para os novos (candidatos), eles entram em desvantagem.

O senhor é contra ou a favor o financiamento de empresas?
Precisamos discutir isso. A sociedade não aprova o financiamento privado.

Fala-se em uma reforma política com o fim das coligações nas eleições proporcionais e a volta da cláusula de desempenho. É hora da Câmara começar a apostar nisso?
Com a quantidade de partidos que nós temos, cada vez criando mais, sem ter um foco ideológico. As entidades partidárias são espaciais. O próximo presidente da Câmara precisa pautar este tema.

Mas o atual Congresso tem condição de fazer esse debate?
Se acharem que precisa ser uma Constituinte exclusiva, tudo bem. Mas não se pode ficar como está. Esse modelo está falido.

É viável o referendo, proposto por setores do PT e pela presidente afastada, Dilma Rousseff, para uma nova eleição?
Temos que aguardar o fim do julgamento do impeachment. Qualquer abordagem neste momento é precipitada.

O Congresso aprovaria essa emenda constitucional?
Dificilmente.

Quem defende a renúncia de Cunha o faz como uma estratégia para ele escapar da cassação. Esta estratégia ainda pode funcionar?
O tempo está desfavorável a ele.



Informação é poder
Eu nasci há 60 anos. Sou de uma família de pais semianalfabetos; somos oito filhos, quatro homens e quatro mulheres. Sou o mais velho. Desde cedo, eu vislumbrei que só poderia me salvar se eu estudasse. Sou resultante de uma escola pública, de uma universidade pública. Passei no meu primeiro vestibular sem ter feito cursinho. Formei em 1979, era da primeira turma de veterinária. Começamos com 25 alunos, formaram-se 12.

Em 1981, fui trabalhar em São José do Piauí, em um trabalho da Emater, onde tive a experiência de lidar com as pessoas, porque trabalhava com extensão rural. Vem daí o sentimento de olhar para os mais humildes. Depois eu fui professor colaborador, fiz toda uma carreira como monitor. Sou professor adjunto da Universidade Estadual do Maranhão. Na época podia virar reitor, hoje, para assumir o cargo tem que ser professor titular.

Fiz o mestrado, mas, como eu disse, sou de origem humilde. Talvez essa seja a minha maior marca: saber que posso crescer com o outro. E esse crescimento se dá momento após momento.

Essa circunstância, para mim, é salutar. Ela vai me enriquecer. Entendo que, se informação é poder, e esse poder é usado para o bem, você poderá contribuir para ajudar a vida das pessoas. Então eu vejo que o parlamento tem esse sentido. Desde quando cheguei, eu fui para a Comissão de Educação. Lutei para que o tema da reforma universitária fosse central. Tenho isso como ponto de partida de um projeto de sociedade e de indivíduos.