Pagamento
Em sua delação, o ex-executivo da Andrade Gutierrez afirmou que R$ 5 milhões que a empreiteira teria de pagar eram para Santana. "Não sabe se a dívida de R$ 30 milhões era com João Santana ou o total da campanha de Haddad, mas a parte da Andrade Gutierrez, os R$ 5 milhões, era de dívida do PT com João Santana", afirmou aos procuradores.
O delator disse que foi "o próprio Vaccari" quem passou o contato da mulher do marqueteiro, Mônica Moura. Sócia do marido na Polis, ela era a responsável pelas contas do casal. Ambos estão presos em Curitiba, desde fevereiro, alvos da Operação Acarajé, quando foi descoberta conta secreta na Suíça. Santana e Mônica são acusados de corrupção e lavagem de dinheiro.
Machado Filho contou também que chegou a procurar a mulher de Santana por telefone para acertar "um café, cujo nome não se recorda, na Rua Dias Ferreira (no Leblon, Rio)". "A dívida poderia ser paga no exterior, segundo Mônica."
A Lava-Jato descobriu a conta usada pelo casal, na Suíça, em nome da offshore ShellBill Finance Corp. O delator disse que, em reunião com diretores, foi decidido que a Andrade Gutierrez não pagaria os valores. "Mesmo a Andrade Gutierrez não tendo pago, não houve posteriormente desdobramentos." Machado Filho disse ainda que não tratou do pedido com Haddad. "Não sabe se Haddad sabia."
Defesas
A coordenação de campanha do prefeito Fernando Haddad informou que foi deixada uma dívida da disputa, em 2012, que chegava a R$ 29 milhões. "O valor foi declarado ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE) e repassado ao Diretório Nacional do Partido dos Trabalhadores, que faria sua liquidação", informou a equipe.
Por meio de sua assessoria de imprensa, o PT disse que "refuta totalmente as ilações apresentadas". "Todas as doações que o PT recebeu foram realizadas estritamente dentro dos parâmetros legais e posteriormente declaradas à Justiça Eleitoral", disse o partido, em nota.
A defesa de João Santana informou que apenas se manifestaria após conversar com seu cliente sobre o assunto.