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Politica

Advogado de 21 anos protocola décimo pedido de impeachment contra Janot

O jovem alega que Janot violou a Constituição Federal ao "requerer pedidos de prisões flagrantemente ilegais" do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e de senadores



Braga também acusa o procurador-geral de "trocar informações" com governos estrangeiros, especialmente dos Estados Unidos, para instruir suas denúncias. No entendimento do estudante, o conteúdo negociado compromete o interesse nacional, pois poderia gerar um prejuízo bilionário ao erário, já que episódios de corrupção ou fraude poderiam culminar em indenizações bilionárias para empresas brasileiras públicas e privadas.

De acordo com o estudante, Janot estaria reiteradamente tentando "usurpar" atribuições dos outros poderes, não respeitando, por exemplo, as competências atribuídas ao Ministério da Justiça como autoridade central na troca de informações externas - assim como teria feito com o Legislativo e o Executivo ao pedir a prisão de parlamentares.

"Quer Janot, com efeito, transformar o Ministério Público em quarto Poder da República", acusou. Em sua denúncia, Braga afirma ainda que "todas as condutas praticadas por Janot tiveram, com efeito, um fim comum: a pura e simples autopromoção, às custas do Estado Democrático de Direito".

Ao finalizar o documento, o jovem pede que Renan condene Janot à perde do cargo e inabilitação por oito anos. Como presidente da Casa, contudo, Renan pode apenas aceitar a denúncia, já decisão sobre a continuidade do processo cabe aos senadores. No currículo de Braga, o jovem cita que já venceu mais de 50 medalhas em olimpíadas nacionais e sete medalhas em olimpíadas internacionais de Matemática, Física, Química, Biologia e Astronomia. Atualmente, ele estuda Física e Engenharia Elétrica no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), nos EUA. Nas redes sociais, Braga costuma se manifestar sobre assuntos políticos e fazer análises sobre o impeachment da presidente afastada Dilma.

Renan

Nesta quarta-feira, Renan disse que considerou "inusitado" a chegada de novos pedidos de impedimento do procurador-geral. Desde o ano passado, Janot foi denunciado por crime de responsabilidade dez vezes, quatro deles já foram arquivados por Renan.

A sinalização de que o peemedebista poderia acatar os pedidos ocorreu na semana passada, poucos dias após Janot pedir a prisão dele e de lideranças do PMDB por obstrução da Justiça. Ontem, o presidente do Senado encaminhou um dos pedidos para a Advocacia do Senado. O documento é de autoria de duas advogadas, que alegam que Janot deu tratamento diferenciado a políticos do PT e do PMDB.

Elas usam os pedidos de prisão de Renan, do senador Romero Jucá (RR) e do ex-presidente José Sarney, para argumentar que Janot não agiu frente a acusações semelhantes contra Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.