Jornal Correio Braziliense

Politica

Juiz confisca bens do deputado Eduardo Cunha e esposa

Magistrado determinou que contas bancárias, investimentos e veículos

O juiz da Augusto César Pansini Gonçalves, da 6; Vara Federal de Curitiba, ordenou na quarta-feira que o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e sua esposa, Cláudia Cordeiro Cruz, tenham suas contas bancárias, investimentos, veículos e demais bens bloqueados, inclusive os registrados em nome de empresas do casal. A decisão se estende ao ex-diretor da Petrobras Jorge Zelada, ao lobista João Augusto Henriques e o empresário português Idalécio de Oliveira. Todos são alvo de ação de improbidade administrativa aberta ontem pela força-tarefa da Operação Lava-Jato.

Paralelamente, o ministro-relator do caso no Supremo Tribunal Federal, Teori Zavascki, concedeu cinco dias para o presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), se pronunciar sobre os pedidos do Ministério Público para ele ser preso. Com a ;indevida divulgação;. A solicitação da detenção do deputado acabou se tornando pública na semana passada.

Pansini atendeu pedido do Ministério Público na denúncia antes de decidir se recebe a ação. Segundo ele, ;há indícios de que os réus agiram de forma ímproba; de que Cunha era dono de contas bancárias na Suíça onde escondeu dinheiro desviado da Petrobras em um negócio para explorar petróleo em Benin.

;Em primeiro lugar, a documentação repassada pelas autoridades suíças demonstra a existência de várias contas e a movimentação de numerário entre elas;, disse Pansini. ;Esses documentos também sugerem que tais contas foram abertas e movimentadas pelo deputado federal Eduardo Cunha e por sua companheira, Cláudia Cruz.;

Uma dessas contas, o ;trust; Orion SP, de Cunha, recebeu US$ 1,5 milhão da empresa offshore Acona International Investments, do lobista João Henriques. Rastreamento bancário do Ministério Público da Suíça mostrou que o dinheiro veio de Idalécio Oliveira, que depositou, incialmente, US$ 10 milhões na conta do lobista depois de receber US$ 34,5 milhões da Petrobras. A petroleira e as empresas de Idalécio fizeram parceria para explorar um poço de petróleo em Benin, na costa oeste da África. Mas nada foi encontrado. A Petrobrás gastou US$ 66 milhões na empreitada.

Eduardo Cunha, que considera a ação de improbidade ;absurda;, abriu hoje uma reclamação no STF contra o procedimento. ;Quanto à ação de bloqueio de meus bens, entrarei imediatamente com recurso em instância superior para reverter a decisão;, informou o deputado em nota.

O advogado de Zelada, Alexandre Lopes, disse ao Correio que vai recorrer da decisão. ;Essa ordem é absolutamente ilegal;, afirmou. ;Lastreiam-se em suposições. A verdade nunca aparecerá.; A defesa de Henriques não prestou esclarecimentos. Idalécio não foi localizado.