"Esse apoio financeiro se deu por recursos obtidos através do trading internacional da Petrobras, que era controlado pela área de Abastecimento", afirmou, apontando para a diretoria então sob presidência do engenheiro Paulo Roberto Costa. "Esse trading é o que opera a comercialização de petróleo e derivados no mercado internacional. O grupo que controlava o trading internacional era ligado a Rogério Manso, então assessor de Sérgio Gabrielli."
O assessor foi apontado como "uma espécie de eminência parda". "Manso era da diretoria anterior, mas foi mantido como assessor de Sérgio Gabrielli pelo fato de ;produzir propinas enormes;.O definiu o grupo de trading internacional como ;impenetrável, um bunker;.
Cerveró explicou que os volumes comercializados pela área de venda de combustíveis e derivados no mercado internacional "são gigantescos" e qualquer "alteração de centavos no preço de comercialização de um barril" resulta em grandes diferenças de valor na aquisição final. "Aí reside uma grande margem para propinas, por se tratar de um grande volume de recursos e de difícil controle", afirmou o ex-diretor de Internacional da estatal. "Grande parte desses recursos foi usada na campanha de Jacques Wagner em 2006", afirmou.
Cerveró apontou, ainda, como fonte de recursos suspeitos na campanha de Wagner, em 2006, a construção do prédio da Petrobras em Salvador para servir de sede do setor financeiro da estatal.
"(O negócio) também gerou aportes para a campanha de Jacques Wagner", diz o delator, que atribuiu a decisão de levar o setor para a Bahia e de construir o prédio ao ex-presidente da estatal "Não havia nenhuma necessidade de mudança da área financeira da Petrobras para Salvador", disse.
Cerveró diz ter certeza de que Gabrielli repassou recursos para a campanha de Wagner. "Foi uma decisão de Sérgio Gabrielli para beneficiar a candidatura de Jacques Wagner e sua própria futura e eventual candidatura. Tem certeza de que a transferência da área financeira da Petrobras para Salvador foi para atender pretensões eleitorais de Jacques Wagner e Sérgio Gabrielli, mediante levantamento de recursos para suas campanhas." O delator disse não ter "informações mais detalhadas sobre como se deu esse levantamento de recursos".
Defesas
O ex-ministro Jaques Wagner não foi localizado para comentar o caso. José Sérgio Gabrielli, defendeu-se em nota: "O delator Nestor Cerveró faz um conjunto de aleivosias e insinuações, sem nenhum fato concreto que indique qualquer comportamento ilegal e inadequado de minha parte", disse.