O líder do PT no Senado, Paulo Rocha (PA), acredita que a gravação de conversa revelada entre o ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetro, Sérgio Machado, é a confirmação de um acordo para retirar a presidente da República afastada, Dilma Rousseff. Ele acusa o PSDB de participar da negociação e analisa a possibilidade de pedir a cassação de Jucá, que é senador licenciado.
"Isso só confirma aquilo que já falávamos há alguma tempo, confirma o golpe contra Dilma", disse o senador. Em reportagem desta segunda-feira(23/5), o jornal Folha de S. Paulo revelou a conversa em que Jucá sugere a existência de um pacto para obstruir a operação Lava-Jato e diz que é preciso trocar o governo para "estancar a sangria". No diálogo, Jucá e Machado sugerem que Temer poderia "construir um pacto nacional", inclusive com o Supremo.
[SAIBAMAIS]O petista comparou a situação com o grampo da conversa entre Dilma e o ex-presidente Lula, em que a presidente foi acusada de adiantar a nomeação de Lula ao Ministério da Casa Civil como uma forma de protegê-lo da operação Lava-Jato. "Um diálogo em que nada foi dito claramente foi suficiente para conseguirem eliminar o Lula e impedir que ele assumisse um ministério porque estaria obstruindo a Justiça. E agora, como ficará com o Jucá?", indagou.
PSDB
Na leitura do líder do PT, o áudio confirma que houve um "acordão" para travar a operação Lava Jato e que o PSDB faz parte do acordo. "A gravação revela todo o esquema do PSDB via Aécio", diz Paulo Rocha. O presidente do PSDB, Aécio Neves (MG), é citado seis vezes na conversa.
Segundo Jucá, "caiu a ficha" de que a Lava Jato também chegaria nos tucanos. Além de Aécio, ele menciona o agora ministro das relações exteriores, José Serra (PSDB-SP), e os senadores Aloysio Nunes (PSDB-SP) e Tasso Jereissati (PSDB-SP).
Cassação
De acordo com o líder do PT, os senadores da oposição ainda consideram a possibilidade de pedir a cassação de Jucá, que é senador licenciado do PMDB. Mas Paulo Rocha comparou o caso dele com o do ex-senador Delcídio Amaral, que foi recentemente cassado por quebra de decoro parlamentar.
"Por muito menos do que isso, nós acabamos de cassar o senador Delcídio. Para o Senado ter coerência política, vamos ter que discutir isso agora", disse. Assim como Jucá, Delcídio foi pego em um áudio em que supostamente tentava obstruir as investigações da operação Lava-Jato. Ele tentava negociar um plano de fuga para o diretor internacional da Petrobras, Nestor Cerveró.