Na chegada para participar da primeira reunião do grupo de trabalho com representantes de centrais sindicais e do governo para discutir a Previdência Social, o presidente da Força Sindical, deputado Paulinho da Força (SD-SP), lamentou o fato de, ao montar sua equipe ministerial, o presidente interino Michel Temer ter ;esquecido; de representantes da classe trabalhadora. Ele também apresentou os pontos que considera intocáveis no caso de uma eventual reforma no setor.
;Os trabalhadores não estão no ministério do Temer. Foi montado um ministério, e os trabalhadores foram esquecidos;, disse Paulinho momentos antes de participar da reunião com os ministros da Casa Civil, Eliseu Padilha, e do Trabalho, Ronaldo Nogueira, e com representantes de órgãos federais ligados à Previdência, Fazenda, Trabalho e Planejamento. O sindicalista apontou alguns riscos que o governo Temer pode correr, caso não leve em conta as considerações apresentadas pelas centrais.
[SAIBAMAIS];Temer tem de fazer de tudo para não juntar os contrários. Hoje está claro que há, no movimento sindical, uma grande divisão. Há quatro centrais que vieram aqui e duas que não vieram. Se ele [Temer] começa a apertar os trabalhadores, ele junta esse povo. Aí a situação dele complica mesmo;. Entre as entidades ligadas a trabalhadores, participam da reunião a Força Sindical, a Central dos Sindicatos Brasileiros, a União Geral dos Trabalhadores e o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos.
Paulinho da Força antecipou algumas das argumentações que serão apresentadas durante a reunião. ;Em hipótese nenhuma aceitamos [alterações na] idade mínima para quem já está no mercado de trabalho, ou seja, para quem já está na regra da previdência, e regra de transição. Afetar trabalhadores na ativa é algo inegociável. Seria um caos. Imagina uma reforma que prejudique 49 milhões de brasileiros. Isso não passa. É penalizar as pessoas que estão no mercado e que foram contratados dentro dessa regra;, disse o sindicalista.
Ele, no entanto, acena com a possibilidade de que novas regras venham a ser aplicadas no caso de trabalhadores que ainda não entraram no mercado de trabalho. ;Para os novos trabalhadores, a partir da lei aprovada, nós podemos concordar;.
;Na reunião, vamos insistir que não é preciso fazer uma reforma da Previdência. Primeiro tem de fazer um amplo debate para verificar o que está acontecendo no interior da Previdência. Vamos brigar para tirar a desoneração da folha, que é o caos da previdência e vai quebrá-la; vamos atrás dos filantrópicos, que não pagam a previdência; vamos atrás dos sonegadores;, argumentou.
;E tem de ver o agronegócio que não paga a previdência rural. Tudo isso precisa ser feito antes para depois ver o que sobra e corrigir [por meio de uma reforma previdenciária]. O déficit da Previdência está no setor rural, que teve déficit de R$ 89 bilhões no ano passado e arrecadou apenas R$ 7 bilhões. Está errada a coisa na zona rural, porque não cobram dos fazendeiros do agronegócio, que ganham milhões no Brasil inteiro. Tem de corrigir isso, e fazer todos pagarem a Previdência, inclusive de quem produz no campo;, acrescentou