Com as indicações, Temer demonstra contar com Cunha como um dos seus principais operadores na Câmara, mesmo ele tendo sido afastado do mandato. No Supremo, no âmbito da Operação Lava-Jato, Cunha é réu em uma ação penal e é alvo de quatro inquéritos.
Cunha ainda comanda o grupo de deputados conhecido por "centrão", formado por PMDB, PP, PR, PTB, PSC e PSD, e do qual Temer depende para fazer avançar na Casa sua agenda legislativa. O grupo atua também para eleger André Moura (PSC-SE) como novo líder do governo na Câmara e influenciar na eleição para a liderança da bancada do PMDB. Junto com essa movimentação, um grupo de partidos tanto da base quanto da oposição a Temer tem defendido a renúncia de Cunha.
Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo - exibida na noite de domingo -, quando questionado sobre uma eventual renúncia do correligionário, Temer disse: "Tanto faz, para mim, isso não altera nada".
Advogado
Com saída de Gustavo do Vale Rocha do Conselho Nacional do Ministério Público, pessoas próximas a Cunha não descartam a possibilidade de o advogado Renato Oliveira Ramos ser o novo indicado pelo deputado para ocupar a vaga. Ramos, atualmente, está lotado no gabinete da presidência da Casa. Ele foi um dos principais assessores do deputado Jovair Arantes (PTB-GO) na elaboração do relatório de impeachment da presidente Dilma Rousseff, votado pela Câmara.
O advogado também atuou contra o pedido de impedimento do presidente em exercício, Michel Temer. Em abril, Ramos enviou ao ministro do Supremo Marco Aurélio Mello uma manifestação em que defende o arquivamento do pedido. No documento, o advogado da Casa argumenta que a Corte não pode interferir no ato legislativo.