Gabriela Vinhal
postado em 12/05/2016 06:36
A história de 14 anos do Partido dos Trabalhadores no poder sofreu uma interrupção, nesta quinta-feira (12/5). Depois do governo de oito anos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e de seis anos da presidente Dilma Rousseff, afastada pela votação do impeachment, é hora do governo brasileiro receber novos ares, pelo menos, pelos próximos 180 dias. Quem assume a cadeira é o presidente interino Michel Temer (PMDB).
Em 2002, depois de tentar três vezes, Lula conquistou a presidência. Foi o primeiro líder de esquerda operário eleito presidente e primeiro civil sem diploma universitário a subir ao poder. O petista tinha promessa de dar outro rumo à política e à economia brasileira e o desafio de reverter a inflação baixa, o aumento de desemprego, o endividamento dos estados e a má distribuição de renda - consequências do Plano Real, medida criada durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.
Lula soube aproveitar a parte boa da era FHC, a estabilidade econômica. Apesar de ser de esquerda, aplicou receitas econômicas neoliberais, criou políticas sociais, redistribuiu a renda e reduziu a desigualdade social no país. No segundo mandato, de 2006 a 2010, com o crescimento do Brasil, o petista colocou como prioridade na agenda política a inclusão social e a luta contra a miséria. O ex-presidente proporcionou crédito, resistiu à crise internacional e apoiou programas sociais, como o Bolsa Família e o Minha casa, Minha Vida.
Dilma
Antes de chegar à presidência, Dilma foi ministra da pasta de Minas e Energia entre 2003 e junho de 2005. Depois, ocupou o cargo de ministra-chefe da Casa Civil desde a demissão de José Dirceu, em 16 de junho de 2005, acusado de corrupção. Essa seria a brecha para que ela continuasse o trabalho dele à frente do país. Eleita em 2010, Dilma foi a primeira mulher a ocupar o cargo de presidente do Brasil.
Apesar de ser amiga próxima e ter participado do governo Lula, a presidente não conseguiu manter o ritmo da economia brasileira, que desacelerou e fez com que a inflação subisse. O primeiro mandato, de 2011 a 2014, foi marcado pelo fomento aos programas sociais, como o Brasil Sem Miséria, que trouxe avanços para o Bolsa Família. Na educação, investiu os recursos do Pré-sal e criou o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego.
No entanto, houve casos polêmicos que dividiram opinião: Mais Médicos e Copa do Mundo. O primeiro reúne quase 15 mil profissionais do Brasil e do exterior para trabalharem em 3.785 municípios, acesso à atenção básica à população. O segundo, foi vivido entre amor e ódio pelos brasileiros. Alguns gostaram de receber o evento, já outros foram às ruas protestar. As manifestações de 2013 ao redor do país reuniram milhares de pessoas que eram contra a Copa do Mundo e lutavam pelas melhorias na saúde e nos transportes públicos.
Reeleita em 2014, Dilma precisou lidar com as dificuldades herdadas nos últimos quatro anos. As decisões da petista colocaram em xeque as alianças com parlamentares aliados e até brigas dentro do próprio partido. Além disso, houve medidas que afetaram diretamente no bolso do cidadão: alta de juros para financiamento da casa própria, mudança de regras trabalhistas, aumento da inflação, dos impostos, dos combustíveis e das contas de luz. Em paralelo, escândalos como a Lava-Jato trouxeram à tona esquemas de corrupção envolvendo o PT. Além disso, a impopularidade da presidente e do seu governo é resultado também das Olimpíadas, marcadas para 5 de agosto, no Rio de Janeiro.