O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apontou que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), era um dos líderes do esquema de corrupção que atuava em Furnas. A afirmação consta no pedido de abertura de um novo inquérito contra o peemedebista que chegou ao Supremo Tribunal Federal (STF) esta semana.
"Pode-se afirmar que a investigação cuja instauração ora se requer tem como objetivo preponderante obter provas relacionadas a uma das células que integra uma grande organização criminosa - especificamente no que toca a possíveis ilícitos praticados no âmbito da empresa Furnas. Essa célula tem como um dos seus líderes o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha", diz a peça assinada por Janot.
Segundo o procurador-geral da República, é sabido "que essa organização criminosa é complexa e que, tudo indica, operou durante muitos anos e por meio de variados esquemas estabelecidos dentro da Petrobras e da própria Câmara dos Deputados, entre outros órgãos públicos. Embora estes ;esquemas; tenham alguma variação entre si, é certo que eles coexistem e funcionam dentro de um conserto maior".
Essa nova linha de investigação contra Cunha surgiu a partir da delação premiada do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS). O presidente da Câmara já é réu em uma ação no Supremo e é investigado em outros inquéritos no âmbito da Operação Lava Jato
Janot também pediu que o STF abra uma investigação sobre a participação do presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), no esquema de Furnas. Ele destacou, no entanto, que "tudo leva a crer que se tratava de ;esquemas; independentes entre si, inclusive operados por pessoas distintas".
Em nota, Cunha afirmou que "o procurador-geral da República, desde a votação do processo de impeachment, tem procurado me incluir em qualquer inquérito existente". Aécio também negou qualquer atuação em Furnas e afirmou que as citações de Delcídio sobre ele eram de "ouvir dizer".