Em ato organizado pela Central Única dos Trabalhadores (CUT), neste domingo (1;/5), em São Paulo, a presidente Dilma Rousseff voltou a afirmar que impeachment sem crime de responsabilidade "é golpe". Além disso, a presidente disse que não apenas o governo dela e a democracia serão vítimas de um golpe, mas também "as conquistas dos trabalhadores".
"Eles (o possível governo de Michel Temer) querem acabar com a política de valorização do salário mínimo. Eles propõem acabar com o reajuste dos aposentados", afirmou Dilma. "Prometem e dizem explicitamente privatizar tudo o que for possível. Esta fala está escrita. Qual é a primeira vítima dessa lista? O pré-sal", completou. O público, então, gritou "o pré-sal é nosso".
Além disso, Dilma afirmou que "eles vão rever os programas sociais". "Eles querem acabar com a obrigatoriedade do gasto com saúde e educação. Sempre que vocês virem uma palavra que é ;vamos focar;, ;vamos reolhar;, ;vamos revisitar;, significa que ;vamos acabar com elas;", explicou a presidente.
"Os programas sociais são olhados como responsáveis pelo desequilíbrio do país. Mas não são. O desequilíbrio do pais é a necessária reforma tributária", disse. "A parte mais triste, no entanto, que foi noticiado pelos jornais, é que eles pretendem acabar com uma parte do Bolsa Família. Eles pretendem dar apenas para os 5% mais pobres. Serão 36 milhões de pessoas entreguem ao mercado para se virarem", completou.
Como noticiado durante a semana, Dilma aproveitou para anunciar o aumento de 9%, em média, no programa Bolsa Família. "Quero lembrar que essa proposta não nasceu hoje, ela estava prevista desde quando enviamos, em agosto de 2015, o orçamento para o Congresso. Essa proposta foi aprovada pelo Congresso. Tomamos medidas que garantem um aumento na receita deste ano para viabilizar isso. Sem comprometer o cenário fiscal". A presidente ainda falou sobre a correção na tabela do Imposto de Renda, de 5%, a partir do ano que vem.
No programa Minha casa, minha vida, o governo vai contratar um mínimo de 25 mil moradias, com os movimentos do campo e da cidade. "Vamos criar um conselho do trabalho, com participação dos trabalhadores, empresários e governo", disse. "Vamos propor um aumento da licença paternidade, para os funcionários públicos, de cinco para 20 dias. Assim, queremos que os homens ajudem as mulheres, principalmente, nessa questão fundamental", disse.
Eduardo Cunha
No começo do discurso, Dilma começou se defendendo contra o impeachment, e falou sobre as chamadas "pedaladas fiscais". "Eles começaram dizendo que fiz seis decretos chamados de suplementação. Em 2001, Fernando Henrique Cardoso, fez 101 decretos de suplementação. Para mim, é golpe nas contas públicas. Para ele, não", afirmou.
"Se não tem base para o impeachment, o que está acontecendo? Golpe. É um golpe muito especial, eles rasgam a Constituição do país. Eles fazem isso porque, há 15 meses, perderam uma eleição direta. Eles tiram os meus 54 milhões de votos. Não só os meus que eles roubam, mas daqueles que acreditaram na democracia", explicou.
Dilma aproveitou ainda para, mais uma vez, colocar a culpa do processo de impeachment no presidente da Câmara, Eduardo Cunha. "Esse senhor chamado Eduardo Cunha foi o principal agente na história de desestabilizar o meu governo. Ele levou a frente uma politica chamada "quanto melhor, pior". Quanto melhor para eles, pior para o governo e para o povo brasileiro. Não aprovavam nenhuma reforma que propusemos. Apostaram sempre contra o povo brasileiro. São responsáveis pelo fato da economia brasileira está passando por uma grave crise, são responsáveis pelo aumento do desemprego", afirmou.
Ao fim do discurso, a presidente disse que vai continuar lutando. "Vou resistir e lutar até o fim. Estou aqui nesse 1; de maio porque é, historicamente, uma data de luta pela resistência e contra a perda de direitos. Hoje, nosso país há uma luta pela democracia e por todas as conquistas que nós ainda temos de alcançar", afirmou.