Serra alertou Temer de que uma das primeiras providências que terá de enfrentar no Congresso, se assumir a Presidência, é aprovar a proposta de revisão da meta fiscal de 2016 até o fim de maio, sob pena de paralisar a máquina pública federal. O tucano tem defendido a votação dessa proposta o quanto antes pelos parlamentares, por considerar o assunto como relevante no curto prazo.
Outro receio de Serra externado ao vice é com o potencial prejuízo bilionário para os cofres públicos federais, caso o Supremo Tribunal Federal altere a fórmula de composição dos juros das dívidas dos Estados com a União, alterando-os de compostos para simples. O plenário do STF julgará o assunto amanhã.
No jantar, Serra disse a Temer que não é majoritária no PSDB a posição segundo a qual tucanos que participarem do governo do peemedebista terão de se licenciar do partido.
Visões
Meirelles e Serra têm visões diferentes da economia - no ano passado, o tucano chegou a classificar o ex-presidente do BC como o "pior" da história. No entanto, Meirelles goza de respeito entre analistas de mercado, dada a longa carreira no setor bancário e até por certo "traquejo político". O ex-presidente do BC foi eleito deputado em 2002 pelo PSDB goiano, mas abdicou do cargo e da filiação tucana para assumir o BC com Lula, além de ter passagens por PMDB e PSD. No quesito político, Serra leva vantagem, mas o perfil centralizador e mais "intervencionista" desperta certa desconfiança entre os analistas.
Economistas apontam como trunfos de Meirelles um "reforço na confiança dos investidores internacionais", um dos pontos que mais fragilizaram a presidente Dilma Rousseff. Entretanto, uma lacuna considerada relevante para um futuro ministro da Fazenda no currículo de Meirelles, como lembra um economista, é a falta de experiência na gestão da política fiscal - provavelmente o maior desafio macroeconômico de uma eventual gestão Temer.