Antecipando-se ao pronunciamento que a presidente Dilma Rousseff fará nesta sexta-feira (22/4) durante cerimônia em Nova Iorque, nas Nações Unidas (ONU), o vice-presidente Michel Temer já deu início a uma estratégia para rebatê-la a agências internacionais. O peemedebista concedeu entrevistas à agência Dow Jones, ao Wall Street Journal, ao Financial Times e ao New York Times. Enquanto Dilma não retorna ao Brasil, no sábado (23/4), Temer é o presidente da República em exercício.
À Dow Jones, o peemedebista refutou o termo ;golpe; dado ao processo de impeachment e disse ter um gabinete na cabeça, mas não antecipou nomes. O peemedebista ainda afirmou estar pronto para assumir o governo caso o impeachment avance no Senado. "Ela [Dilma] tem dito que eu sou um conspirador, o que obviamente é algo triste para mim e para a Vice-Presidência da República;, disse. Temer ainda reafirmou que o processo de impedimento é legal. ;Cada passo do impeachment está de acordo com a Constituição Como isso poderia ser chamado de golpe?", disse. Temer afirmou tratar com aliados sobre nomes para compor um possível governo, mas antecipou nenhum. "Quando o tempo chegar, eu terei um gabinete na cabeça e, apenas nesse momento, irei revelar nomes."
Ao Financial Times, ele disse não haver nenhum fundamento na alegação de Dilma de que ele é um conspirador. "Então, eu pergunto, quando ela me acusa de ser conspirador de um golpe -- será que eu realmente tenhyo a capacidade para influenciar 367 deputados e 70% da população brasileira? É completamente sem fundamento esta alegação", disse. "Eu não tenho feito qualquer trabalho, qualquer ação, mas fico ofendido com as palavras dela", completou.
Ao Wall Street Journal, Temer usou a munição dada pelo Supremo Tribunal Federal ontem e sugeriu que Dilma se defenda no Senado, ao invés de fazer críticas no exterior. "Vários ministros do STF disseram que o possível impeachment da presidente da República não representaria um golpe. É um processo constitucional", acrescentou. O New York Times ainda não divulgou a entrevista.
O contra-ataque já estava montado ontem, pouco tempo depois de ser ventilada a possibilidade de Dilma denunciar ser vítima de um ;golpe; à imprensa estrangeira durante o evento na ONU. Não está certo que ela abordará o assunto no discurso de três minutos a que tem direito. Além de Temer, o presidente do PMDB, Romero Jucá (RR) também trabalha em ofensiva com agência internacionais. Há também outros aliados, como o senador Aloysio Nunes, presidente da Comissão de Relações Exteriores da Casa, com uma comitiva, tem se encontrado com lideranças locais e refutado
Outros deputados estão no local e carregam com eles matérias sobre ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) rebatendo DIlma. Nesta quarta, o mais antigo ministro da Corte ;gravíssimo equívoco; classificar o procedimento como golpe. Outros ministros, como Dias Toffoli e Gilmar Mendes referenderam o decano. Eles ainda pediram ;responsabilidade; e alertaram da possibilidade de que a imagem do Brasil no exterior fique ainda mais manchada.
Retorno a Brasília e encontro com Temer
Temer passou a última semana em São Paulo e nesta quinta-feira voltou a Brasília. Segundo a assessoria de imprensa, ele retornou devido a orientações de segurança, porque havia protestos próximos à casa dele em São Paulo. Não está descartado, porém, um encontro com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) hoje ou nos próximos dias.