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Esteves era 'plano B' para comprar silêncio de Cerveró, diz delator

Diogo Ferreira deu detalhes sobre uma conversa que teve com Delcídio, na qual trataram da necessidade de pagar os honorários de Edson Ribeiro, advogado de Cerveró


Em depoimentos de delação premiada, o ex-chefe de gabinete do senador Delcídio Amaral (ex-PT-MS, agora sem partido) Diogo Ferreira disse que o banqueiro André Esteves, licenciado do Banco BTG Pactual, era o "plano B" do congressista para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. A colaboração do assessor, homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), reforça afirmações já feitas por Delcídio à Procuradoria-Geral da República (PGR).

Diogo Ferreira contou que Delcídio ia a São Paulo uma ou duas vezes por mês para se encontrar com Esteves. Em algumas ocasiões, relatou, o senador disse a ele que o banqueiro estava preocupado com uma possível delação de Cerveró por causa de supostas irregularidades na compra de ativos da Petrobras na África e em negócio com a BR Distribuidora, caso em que teria havido pagamento de propina ao senador Fernando Collor (AL).

O delator deu detalhes sobre uma conversa que teve com Delcídio, na qual trataram da necessidade de pagar os honorários de Edson Ribeiro, advogado de Cerveró. A estratégia de bancar o ex-diretor visava evitar que ele contasse o que sabia sobre a corrupção na Petrobras. "Delcidio do Amaral comentou com Edson Ribeiro, na presença do depoente, em reunião em Brasília, além daquela gravada, que André Esteves seria o ;plano B; para efetuar o pagamento dos honorários de Edson Ribeiro", afirmou o assessor, conforme transcrição do depoimento feita pela PF.



Delcídio, o assessor dele, Ribeiro e Esteves foram presos em novembro por suspeita de tentar sabotar a delação de Cerveró, que poderia implicá-los. Eles foram soltos depois, mas permanecem submetidos a algumas restrições judiciais. Conforme a Procuradoria-Geral da República, a mando do ex-presidente Lula, que também temeria a delação, o senador teria montado um esquema para bancar despesas da família do ex-diretor, cujos bens e ativos estavam bloqueados.

Os repasses teriam sido feitos por um dos filhos de José Carlos Bumlai, amigo do ex-presidente, conforme delatou o ex-chefe de gabinete. O banqueiro teria se comprometido com Delcídio a dar R$ 50 mil mensais como forma de evitar que o BTG fosse citado na delação. Ele nega ter negociado ou feito pagamentos a Cerveró.

Na delação, Ferreira disse que após Cerveró iniciar sua colaboração com a Operação Lava Jato, os pagamentos vindos do filho de Bumlai foram suspensos. Em outubro do ano passado, o advogado do ex-diretor cobrou em mensagem de telefone uma conversa com "A.E.", supostamente em referência a André Esteves. A agenda não teria sido marcada. "A intenção do Senador era não fazer o encontro de André Esteves com Edson Ribeiro, mas era verdade que André Esteves estava disposto a prover auxílio financeiro", contou Ferreira.