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Processo de Delcídio está parado há um mês e senadores concedem mais prazo

A primeira vez que Delcídio foi convocado para depoimento no Conselho de Ética foi em 23 de março

Pela quarta vez os senadores do Conselho de Ética decidiram por conceder novo prazo para que Delcídio Amaral (sem partido/MS) se defenda pessoalmente das acusações que enfrenta no processo que pode levar à cassação de seu mandato. Apesar de o senador ter direito a defesa, não existe obrigação jurídica para que ele compareça ao Senado pessoalmente, podendo enviar suas considerações por escrito. Ainda assim, o colegiado segue concedendo novos prazos e o processo está parado na mesma fase há um mês.

A primeira vez que Delcídio foi convocado para depoimento no Conselho de Ética foi em 23 de março. Na data, nem ele nem qualquer advogado chegou a comparecer à reunião para prestar explicações sobre a ausência. Nas três reuniões seguintes, o senador faltou a todas as convocações apresentando licenças médicas que atestavam que ele não teria condições de saúde de estar presente.

Os requerimentos de convocação aprovados pelo colegiado previam a opção de que Delcídio se manifestasse por videoconferência, ou até mesmo que uma comissão de senadores fosse visitá-lo, onde quer ele estivesse, para colher seu depoimento. Uma última alternativa seria enviar sua defesa por escrito.

Todas as opções foram ignoradas ao longo de um mês e nesta terça-feira, 19, numa situação constrangedora, os senadores que prometem toda semana uma última chance a Delcídio tornaram a conceder novo prazo. A nova reunião foi agendada para a próxima terça-feira, 26.



PSDB

Indignados com a sucessão de licenças médicas, vista como uma medida protelatória da defesa, boa parte do colegiado considerou recusar o pedido de novo prazo da defesa e dar sequência ao processo com a edição do relatório final. O jogo virou quando o líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB), entrou na reunião para se posicionar a favor de que Delcídio seja ouvido.

[SAIBAMAIS]"Ele pode faltar quantas vezes for, não lhe pode ser negado o direito de defesa e de se manifestar", defendeu Cunha Lima. O senador participava da reunião de líderes com o presidente Renan Calheiros (PMDB-AL), para decidir detalhes sobre o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, e, mesmo sendo suplente no Conselho, veio defender mais prazo ao acusado.

A manifestação de Cunha Lima causou um efeito manada no restante do Conselho. Até mesmo os senadores mais favoráveis à cassação, como Lasier Martins (PDT-RS), recuaram e resolveram dar mais prazo ao senador. Ataídes Oliveira (PSDB-TO) disse não acreditar que Delcídio compareça à próxima reunião, mas mesmo assim mudou o seu voto.

No ano passado, na abertura do processo, Cunha Lima foi um dos principais nomes a reforçar o pedido de cassação de Delcídio. Mesmo não assinando a representação, segundo ele, por uma questão estratégica, para que o PSDB pudesse disputar a relatoria do caso, ele discursou e posou para foto junto aos demais senadores que encabeçaram o processo.