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PT prepara ofensiva para processo de impeachment no Senado Federal

Como segunda maior bancada no Senado, o partido diz que não abre mão da prerrogativa de indicar a presidência ou relatoria da comissão

No dia seguinte à decisão da Câmara dos Deputados de autorizar o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff, a movimentação de governistas no Senado nesta segunda-feira (18/4) começou cedo. O PT reuniu a bancada e senadores de outros partidos aliados para avaliar a votação de ontem (17/4), o cenário político e os próximos passos para tentar reverter no Senado a decisão da Câmara.

Uma das reações mais fortes dos aliados de Dilma foi à declaração dada ontem pelo presidente em exercício do PMDB, senador Romero Jucá (RR), que defendeu que a presidência da comissão especial - a ser formada para analisar o processo de impeachment - tenha Antonio Anastasia (PSDB-MG) na presidência e a senadora Ana Amélia (PP-RS) na relatoria. ;Acho que Jucá já está se sentindo ministro ou futuro presidente do Senado e quer atropelar o processo;, criticou o líder do governo, senador Humberto Costa (PE).

Para o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), como o PP de Ana Amélia, ex-aliado do governo, fechou questão a favor do impeachment, ela não teria isenção para ser relatora do caso.

Como segunda maior bancada no Senado, o PT diz que não abre mão da prerrogativa de indicar a presidência ou relatoria da comissão. A avaliação é que o nome não deve ser do próprio partido para que questionamentos não sejam feitos, mas o que os petistas garantem é que não abrirão mão de indicar alguém que considerem isento no processo.

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[SAIBAMAIS] ;Vamos lançar mão do regimento para defender essa posição;, garantiu Lindbergh, já que o regimento diz que cabe às duas maiores bancadas da Casa - no caso PMDB e PT- indicar a presidência e a relatoria da comissão.

Estratégias


Do ponto de vista político, além de cobrar que o regimento do Senado seja respeitado, os governistas também pretendem reforçar os laços com movimentos sociais. Outra estratégia é começar imediatamente a busca de votos de senadores.

;Alguns partidos fecharam questão e provavelmente devem tentar aplicar essa norma aqui;, disse Humberto Costa. Apesar disso, o senador avalia que agora o cenário é diferente da Câmara. ;O Senado é uma casa diferente com menos parlamentares. Aquela passionalidade que existe na Câmara, aqui não existe, as discussões são mais racionais, acredito que podemos ter um resultado diferente;, acrescentou.

Temer

O PT também deve adotar uma ofensiva muito forte para desqualificar o vice- presidente da República, Michel Temer, visto como um dos grandes articuladores da derrota da presidenta ontem. ;As pesquisas e a baixa popularidade do Temer vão mostrar que ele não tem condições de ficar no governo. Eu chego a ir além. Na hipótese desse golpe se consumar e eles vencerem aqui no Senado, Temer não se sustenta três meses, as ruas vão pedir a cabeça dele, ninguém vai aceitar isso;, afirmou Lindbergh.

O vice-presidente do Senado, Jorge Viana (PT-AC), foi na mesma linha. ;Não há hipótese de um eventual governo de Michel Temer e Eduardo Cunha ter qualquer legitimidade perante o povo brasileiro;, disse.

Viana reconheceu erros da presidenta da República. ;Ficou muito evidente ontem que nós vimos uma ação que somou um descontentamento da opinião pública, que é real, com o governo, mas uma sede de vingança e de intolerância de uma parcela da oposição que levou àquela votação que talvez tenha surpreendido os proponentes do impeachment que esperavam uma vitória acachapante - e a vitória teve apenas 25 votos além dos necessários;.

Em nota, o líder do PT no Senado, Paulo Rocha, (PT-BA) também reforça os argumentos contra Temer e diz que perdeu-se uma batalha, mas não a guerra. Rocha diz que o PT manterá vigília permanente contra esta e contra ;todas as tentativas de instabilidade institucional patrocinadas por setores inconformados com a derrota nas eleições de 2014. Michel Temer e Eduardo Cunha não contam com apoio popular, nem têm condições morais para presidir o Brasil.;

A nota diz ainda que ;as senadoras e senadores do PT compartilham sincero pesar com o povo brasileiro pela agressão ao Estado Democrático de Direito iniciada neste domingo (17).;

O documento - elaborado após a reunião hoje pela manhã - diz também o que houve ontem foi um ;golpe travestido em um processo de impeachment que nasceu espúrio, fruto da vingança do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ao ser indiciado como réu no processo da Lava Jato;.

Reuniões

Parlamentares do PT terão no fim da tarde hoje (18), às 17h, uma reunião com o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, no Palácio do Planalto. Também devem participar os ministros José Eduardo Cardozo (Advocacia-Geral da União) e Jacques Wagner (Gabinete Pessoal da Presidenta).

PCdoB

O PCdoB também começou o dia condenando o resultado de ontem e reforçando o apoio à presidenta Dilma, com quem a senadora Vanessa Grazziotin (AM), dirigentes e deputados da legenda estiveram hoje. ;Fomos levar a nossa solidariedade e falar da disposição do nosso partido, parlamentares e militância de continuar na rua [em defesa de Dilma], disse.

Para Vanessa, a presidenta não estava feliz, mas, ao mesmo tempo, aparentava muita serenidade e disse que pretende cuidar pessoalmente das articulações na etapa do Senado.