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Cunha nega pedido de José Eduardo Cardozo para discursas novamente domingo

No Supremo, ministro Fachin, em decisão monocrática, indeferiu pedido de senador para anulação do processo


Às vésperas da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados, o governo recorre aos últimos dispositivos para impedir o avanço da destituição da mandatária. Ontem, a Advocacia-Geral da União (AGU) fez um requerimento ao presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), réu na Lava-Jato, solicitando direito de nova fala na sessão de amanhã. Cunha negou o pedido. No mesmo sentido, o ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou em decisão monocrática um pedido de senador Telmário Mota (PDT-RR) para anular todo o processo. O parlamentar pedia que a denúncia contra a petista ficasse suspensa até o julgamento da prestação de contas do governo de 2015.

Desde cedo, a AGU já tinha um novo mandado de segurança pronto para impetrar no STF com a solicitação da defesa, antes mesmo do requerimento apresentado. Até o fechamento da edição, o governo ainda não havia recorrido à Corte. Apesar de estar com a peça pronta, o advogado-geral da União, José Eduardo Cardozo, avaliava se entraria ou não com a ação, com receio de evitar nova derrota.

Com o pedido, o governo quer garantir a defesa da presidente Dilma Rousseff após a leitura do parecer do relator Jovair Arantes (PTB-GO), quando ocorrerá a votação. Ontem, Cardozo falou por 25 minutos, após os autores do pedido de impeachment. Mas o chefe da AGU entendeu que a leitura do relatório seria uma nova ;apresentação; da acusação e que a defesa tem o direito de falar por último. Cunha, porém, afirmou que já havia recebido a solicitação anteriormente e negado por ofício.

Segundo o presidente da Casa, a atitude significaria alterar o procedimento adotado no caso do ex-presidente Fernando Collor de Mello. Cunha afirmou que, na comissão, a defesa já teve um tempo maior para falar. Mas, no plenário, o tempo de acusação e defesa é o mesmo, e o relator deve falar por último por ter papel de ;parecer de juiz;. O peemedebista aproveitou para elogiar a decisão do Supremo, que negou o pedido da AGU para anular ritos do processo. ;Acho que ficou claro para todo mundo que muitas das partes que foram alegadas é chicana. O Supremo, na nossa avaliação, agiu com correção fazendo uma sessão célere para buscar uma resposta. E prestou o seu serviço jurisdicional à sociedade.;

Cardozo citou a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 378, que analisou o rito do impeachment em dezembro, para argumentar o pedido. ;A própria ADPF diz que a defesa fala por último, após a acusação. Considerando que a acusação será feita no relatório em plenário, é neste momento que a defesa deve fazer seu último pronunciamento;, afirmou. O argumento está também no mandado, caso seja impetrado.

Supremo

Na enxurrada de ações ajuizadas no STF desde quinta-feira, o pedido protocolado por Telmário Mota chegou à Corte, ontem, no período da tarde. No despacho em que negou o pedido do senador, Fachin disse que não cabe ao Supremo ;sobrepor o seu juízo; sobre a existência de crime de responsabilidade praticado pela presidente da República ao juízo que será formado pelo Congresso.

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