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Politica

Ministros aposentados ressaltam importância do STF no momento político

Para os especialistas, é preciso manter a confiança no Supremo no que diz respeito às questões jurídicas do assunto, e que partidarismos não devem ser levados em conta no momento

As incertezas políticas em torno do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff não afetam as decisões do Supremo Tribunal Federal. A afirmação veio de juristas ouvidos pelo Correio antes da sessão da Corte, no fim da tarde de ontem. Para os especialistas, é preciso manter a confiança no STF no que diz respeito às questões jurídicas do assunto, e que partidarismos não devem ser levados em conta no momento.

Assim pensa o ex-ministro do STF Ayres Britto. Para ele, a expectativa é que se confirme uma tradição técnica na análise. ;Na minha opinião, é de se esperar do Supremo uma postura confirmadora da sua excelente tradição em instância julgadora refinadamente técnica, imparcial e corajosa;, discursou. Carlos Velloso, ex-presidente da Corte, afirma que o órgão vai seguir uma ordem e que as ações só devem ser tomadas a partir da decisão. ;O que eu tenho dito sempre é que o processo de impeachment é político por excelência. É um julgamento político. O STF só está autorizado a intervir em caso de não ter sido asseguradas as garantias constitucionais. Fora daí, não cabe intervenção;, disse. Ex-ministro que deu o voto decisivo do caso do ex-presidente Fernando Collor de Mello (leia Memória), Sepúlveda Pertence limitou-se em dizer que considera razoável a participação do STF na avaliação das ações nesse caso.

Idealizador da Lei da Ficha Limpa, o juiz maranhense Márlon Reis segue a linha dos colegas. Para ele, o Supremo não ingressa no que ele considera ser um debate político. Mas ele mesmo dá sua opinião sobre o impeachment da presidente. Reis argumenta que é incabível a ação, uma vez que, segundo ele, um pedido baseado em falhas administrativas não justifica a perda do mandato. ;O mérito do impeachment me preocupa muito porque ele não é, juridicamente, um processo simplesmente político. É uma medida de extrema gravidade que deve ter correspondência com a falta atribuída e acho que, nesse caso, não há uma correspondência;, afirmou ao Correio.

O magistrado diz ser favorável ao aprofundamento das investigações, mas que não se pode fragilizar a democracia com medidas como o processo de impedimento. ;O que pode ser feito é debater a maneira como o PT conseguiu dinheiro para a campanha. Há um lugar legítimo para que isso aconteça, que é o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Por lá, é possível cassar não só a Dilma, mas a chapa. No caso, as acusações de corrupção não pairam somente sobre o PT, mas sobre o PMBD e o próprio vice-presidente;, apontou. Reis afirma que o processo de impeachment não resolve a corrupção e não passa para a sociedade a mensagem de problema resolvido. ;Seria muito mais democrático que a população voltasse às urnas.;

Ações
O STF recebeu, na manhã de ontem, cinco ações contra o parecer do deputado Jovair Arantes (PTB-GO), que recomendou a admissibilidade da denúncia por crime de responsabilidade da petista, e contra a ordem de votação do processo fixada pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que prevê a chamada inicial pelos deputados da Região Sul. O governo e o deputado Paulo Teixeira (PT-SP) recorreram ao STF pedindo que seja concedida uma liminar (decisão provisória) para impedir a análise do processo pelo plenário da Câmara. Os deputados Rubens Pereira Júnior (PCdoB-MA) e Weverton Rocha (PDT-MA), além do PCdoB, entraram com ações questionando a ordem de votação.

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